ATA DA SEXAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 08-9-2004.

 


Aos oito dias do mês de setembro de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos Pestana, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Sebastião Melo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Professor Garcia, Sofia Cavedon, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, os Pedidos de Providências nos 1725, 1729, 1737 e 1738/04 (Processos nos 4451, 4468, 4482 e 4483/04, respectivamente) e o Pedido de Informações nº 146/04 (Processo nº 4454/04); pelo Vereador Haroldo de Souza, os Pedidos de Providências nos 1734 e 1735/04 (Processos nos 4479 e 4480/04, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 1732 e 1733/04 (Processos nos 4477 e 4478/04, respectivamente); pelo Vereador Professor Garcia, o Projeto de Resolução nº 106/04 (Processo nº 4364/04); pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Pedido de Providências nº 1728/04 (Processo nº 4460/04) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 115/04 (Processo nº 2637/04). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 840, 99935, 105570, 111322, 113474, 126343 e 131801/04, da Senhora Márcia Aparecida do Amaral, respondendo pela Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. A seguir, constatada a existência de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje, tendo a Senhora Presidenta declarado empossado na vereança o Suplente Adeli Sell, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo n° 380/03, o Projeto de Resolução n° 080/04, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, Reginaldo Pujol e Haroldo de Souza, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 012/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e João Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Executivo n° 044/04; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 162, 169, 179 e 183/04, o Projeto de Decreto Legislativo n° 006/04, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n° 002/04, discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol, os Projetos de Resolução nos 104 e 105/04; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 174, 177, 182, 184, 188 e 175/04, este discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, Haroldo de Souza e Elói Guimarães, os Projetos de Resolução nos 102 e 103/04. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Wilton Araújo, lembrando que o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental foi aprovado nesta Casa em mil novecentos e noventa e nove, criticou o Governo Municipal pela demora no envio do Projeto que cria as Áreas Especiais de Interesse Cultural. Ainda, analisou as dificuldades enfrentadas pela população ao tentar executar projetos de construção, defendendo a criação de legislação que regularize essa situação. O Vereador Beto Moesch afirmou que apenas uma parte do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental – PDDUA – está sendo executada e cobrou do Governo Municipal o encaminhamento dos Projetos de Lei necessários à regularização desse Plano. Também, abordou criticamente o Decreto Municipal nº 14.530/04, que trata das áreas de patrimônio cultural na Cidade, alegando que essa medida é prejudicial ao Município. O Vereador Cláudio Sebenelo referiu-se à inauguração, ontem, da Rua Marina Sirângelo Castelo, elogiando o trabalho feito em vida por essa Senhora, de restauração da Igreja Nossa Senhora das Dores, e lamentando a falta de cuidado nos últimos anos com os marcos históricos e culturais de Porto Alegre. Nesse sentido, considerou a preservação de pontos característicos das cidades uma condição de Primeiro Mundo, destacando a sua importância para o aprendizado das gerações futuras. A Vereadora Margarete Moraes mencionou análises realizadas pela Secretaria Municipal da Cultura para definir regimes urbanísticos para as Áreas Especiais de Interesse Cultural de Porto Alegre, enaltecendo o estudo realizado nesse sentido pelo Patrimônio Histórico Artístico e Cultural e pela Faculdade de Arquitetura Ritter dos Reis. Ainda, informou os pontos principais levados em consideração na elaboração desse estudo, exclamando que Porto Alegre tem necessidade de criar uma maior consciência histórica. Na ocasião, o Vereador João Antonio Dib manifestou-se acerca do Concerto Comunitário Zaffari, realizado ontem, em homenagem ao ducentésimo trigésimo primeiro aniversário da Câmara Municipal de Porto Alegre, tendo a Senhora Presidenta prestado esclarecimentos sobre o assunto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol desaprovou a atitude do Governo Municipal, de não enviar à Câmara Municipal um Projeto em conformidade com o PDDUA, reiterando as responsabilidades que esta Casa tem nas deliberações sobre o Plano Diretor. Também, apoiou o Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04, sustentando que o Executivo Municipal não agiu de acordo com o estabelecido na Lei Orgânica Municipal em relação às áreas de interesse cultural. O Vereador Raul Carrion questionou a importância do Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04, atribuindo um caráter de mera formalidade a essa iniciativa e opinando que, se aprovado esse Projeto, o Governo Municipal questionará na Justiça essa decisão. Nesse sentido, cobrou um posicionamento coerente dos Vereadores em relação ao assunto, relativamente às reais necessidades da Cidade na preservação de suas áreas culturais e históricas. O Vereador Dr. Goulart, relatando ter participado de assembléia da Cooperativa UNIMED Porto Alegre, criticou a possibilidade de diretores dessa instituição acumularem mais de um cargo remunerado. Sobre o tema, registrou ter feito Moção, naquela oportunidade, em protesto contra esse fato, chamando a atenção dessa instituição para que reveja seus estatutos e afirmando que essa condição constitui-se em concentração de poder e de renda inaceitáveis. Na ocasião, foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria dos Vereadores Renato Guimarães e Wilton Araújo, subscrita pelos Vereadores Carlos Pestana e Clênia Maranhão, Líderes das Bancadas do PT e PPS, respectivamente, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 104/04 (Processo nº 2312/04). A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e o Vereador Carlos Pestana formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, tendo manifestado-se a respeito os Vereadores Wilton Araújo, Beto Moesch e Isaac Ainhorn. Às quinze horas e trinta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Carlos Pestana, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, por dezessete votos SIM, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Reginaldo Pujol, Isaac Ainhorn, Beto Moesch, Sebastião Melo, Wilton Araújo, Carlos Pestana e Raul Carrion, em votação nominal solicitada pelo Vereador Sebastião Melo, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Gerson Almeida, Helena Bonumá, João Antonio Dib, Maria Celeste, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Professor Garcia, Raul Carrion, Renato Guimarães, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Foi rejeitado Requerimento de autoria do Vereador Wilton Araújo, solicitando o adiamento, por cinco Sessões, da discussão do Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04, por dezesseis votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Sebastião Melo, Cláudio Sebenelo, Isaac Ainhorn, Beto Moesch, Wilton Araújo, Gerson Almeida e Raul Carrion, em votação nominal solicitada pelo Vereador Isaac Ainhorn, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Gerson Almeida, Helena Bonumá, João Antonio Dib, Maria Celeste, Maristela Maffei, Professor Garcia, Raul Carrion, Renato Guimarães, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Foi aprovado Requerimento de autoria dos Vereadores Beto Moesch, Carlos Pestana e Raul Carrion, solicitando que a votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04 ocorra hoje, sem novas propostas de adiamento da discussão desse Projeto, por quinze votos SIM e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Wilton Araújo, João Antonio Dib, Reginaldo Pujol, Isaac Ainhorn e Sebastião Melo, em votação nominal solicitada pelo Vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Gerson Almeida, Helena Bonumá, João Antonio Dib, Maria Celeste, Maristela Maffei, Professor Garcia, Raul Carrion, Renato Guimarães e Sofia Cavedon e optado pela Abstenção o Vereador Sebastião Melo. Na ocasião, face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Wilton Araújo, João Antonio Dib e Renato Guimarães, a Senhora Presidenta prestou informações acerca do § 1º do artigo 176 do Regimento, que dispõe sobre o tempo de votação, tendo o Vereador Wilton Araújo formulado Requerimento verbal, deferido pela Senhora Presidenta, solicitando relatório referente ao tempo de votação do Requerimento de autoria dos Vereadores Beto Moesch, Carlos Pestana e Raul Carrion, acima aprovado. Foi rejeitado Requerimento de autoria do Vereador Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do Projeto de Decreto Legislativo n° 005/04, nos termos do artigo 106 do Regimento, por nove votos SIM e dezesseis votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Wilton Araújo, Reginaldo Pujol, Isaac Ainhorn, Professor Garcia, Sebastião Melo, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Raul Carrion, João Antonio Dib e Luiz Braz, em votação nominal solicitada pelo Vereador Wilton Araújo, tendo votado Sim os Vereadores Cassiá Carpes, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, Luiz Braz, Professor Garcia, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Ervino Besson, Gerson Almeida, Helena Bonumá, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Renato Guimarães, Sofia Cavedon, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Na oportunidade, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores Professor Garcia, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Raul Carrion, a Senhora Presidenta prestou esclarecimentos sobre o teor e da regimentalidade de apresentação do Requerimento acima rejeitado, de retirada de tramitação do Projeto de Decreto Legislativo n° 005/04. Também, o Vereador Wilton Araújo formulou Requerimento verbal, indeferido pela Senhora Presidenta, solicitando a retirada de seu Requerimento de retirada de tramitação do Projeto de Decreto Legislativo n° 005/04, tendo manifestado-se a respeito o Vereador Professor Garcia. Na ocasião, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, por dezessete votos SIM e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Luiz Braz e João Antonio Dib, em votação nominal solicitada pelo Vereador Luiz Braz, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Ervino Besson, Gerson Almeida, Helena Bonumá, Maria Celeste, Maristela Maffei, Professor Garcia, Raul Carrion, Renato Guimarães, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano e optado pela Abstenção o Vereador João Antonio Dib. Em Discussão Geral e Votação, foi rejeitado o Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04, por oito votos SIM e dezesseis votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, Sebastião Melo e Wilton Araújo e encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Wilton Araújo, em votação nominal solicitada pelo Vereador Wilton Araújo, tendo votado Sim os Vereadores Cassiá Carpes, Elias Vidal, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, este com Declaração de Voto, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Gerson Almeida, Helena Bonumá, Maria Celeste, Maristela Maffei, Professor Garcia, Raul Carrion, Renato Guimarães, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Na oportunidade, o Vereador Sebastião Melo formulou Questão de Ordem acerca do quórum necessário para votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04. Ainda, o Vereador Wilton Araújo procedeu à entrega, à Senhora Presidenta, de Requerimento solicitando o relatório com o tempo de votação do Requerimento de autoria dos Vereadores Beto Moesch, Carlos Pestana e Raul Carrion, que solicitava a votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04 no dia de hoje, sem novas propostas de adiamento da discussão, tendo a Senhora Presidenta informado que o referido Requerimento, de autoria do Vereador Wilton Araújo, seria encaminhado para instrução. Na ocasião, os trabalhos estiveram suspensos das dezoito horas e dezenove minutos às dezoito horas e trinta e cinco minutos, nos termos regimentais. A seguir, o Vereador Carlos Pestana manifestou-se acerca da possibilidade regimental de apresentação de recurso à Comissão de Constituição e Justiça contra decisões tomadas pela Mesa Diretora e o Vereador Isaac Ainhorn formulou Requerimento verbal, solicitando informações acerca do uso da palavra, pelo Vereador Wilton Araújo, durante a apreciação do Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04. Ainda, a Vereadora Helena Bonumá manifestou-se acerca da necessidade de que sejam mantidos padrões adequados de respeito durante as discussões realizadas neste Legislativo, tendo o Vereador Isaac Ainhorn manifestado-se a respeito. Durante o encaminhamento à votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04, a Senhora Presidenta prestou esclarecimentos, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Isaac Ainhorn, acerca da possibilidade de disponibilização das notas taquigráficas referentes ao tempo de votação do Requerimento, anteriormente aprovado, de autoria dos Vereadores Beto Moesch, Carlos Pestana e Raul Carrion, o qual solicitava que a votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 005/04 ocorresse no dia de hoje, sem novas propostas de adiamento da discussão desse Projeto. Às vinte horas e seis minutos, constatada a inexistência de quórum, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e pelo Vereador João Carlos Nedel e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Luiz Braz. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme Barbosa solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Guilherme Barbosa e dada a posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 5201/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 380/03, de autoria do Ver. Professor Garcia, que denomina Rua Felicio Salvador Celia um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Cascata. Com Substitutivo n.º 01.

 

PROC. N.º 2686/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 080/04, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Ronaldo Assis Moreira.

 

PROC. N.º 3914/04 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 012/04, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que altera dispositivos da Lei Complementar n.º 197, de 21 de março de 1989, e alterações posteriores, que institui e disciplina o Imposto sobre a transmissão “inter-vivos”, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a eles relativos, e estabelece o parcelamento do imposto em dez frações mensais e consecutivas.

 

PROC. N.º 4336/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 044/04, que declara de utilidade pública o Instituto Recriar.

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 3823/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 162/04, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Nortran um logradouro público não-cadastrado, localizado no loteamento Nordeste.

 

PROC. N.º 3954/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 169/04, de autoria da Verª Maristela Maffei, que denomina Campo de Futebol Pedro Raul Pellenz o campo de futebol localizado no interior do Parque Saint Hilaire, na confluência das Ruas Rio Branco, Continental e Beco da Taquara, no Bairro Lomba do Pinheiro.

 

PROC. N.º 4066/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 179/04, de autoria do Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Samuel Vainstein um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema Green.

 

PROC. N.º 4076/04 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N.º 006/04, de autoria do Ver. Beto Moesch, que susta o Decreto n.º 14.475, de 13 de fevereiro de 2004, que permite o uso de próprio municipal à Sociedade Recreativa Beneficente e Cultural Banda Itinerante, de acordo como o processo administrativo n.º 001.003982.04.1.

 

PROC. N.º 4120/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 183/04, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que institui O Dia da Grécia a ser comemorado, anualmente, no dia 25 de março, em homenagem à civilização helênica, e estabelece que o Legislativo promoverá atividades alusivas à data conjuntamente com o Executivo do Município, a representação diplomática da Grécia, a Sociedade Helênica de Porto Alegre e a comunidade grega local.

 

PROC. N.º 4225/04 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 002/04, que altera e dá nova redação aos incisos I e III do § 6º, e aos inc. I e III do § 7º, todos do art. 121 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (prazos/projetos orçamentários)

 

PROC. N.º 4277/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 104/04, de autoria do Ver. Professor Garcia, que concede o título honorífico de Honra ao Mérito Policial ao Delegado da Polícia Federal Fernando Christoph D’Andrea.

 

PROC. N.º 4292/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 105/04, de autoria do Ver. Professor Garcia, que concede o Prêmio de Educação Thereza Noronha à Professora Valdeci Noemi Souza Bezerra.

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 4020/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 175/04, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe sobre as tampas de bueiros no Município de Porto Alegre.

 

PROC. N.º 4131/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 184/04, de autoria do Ver. Gerson Almeida, que concede o título honorífico de Cidadã de Porto Alegre à Senhora Ida Weisfeld.

 

PROC. N.º 4162/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 103/04, de autoria do Ver. Professor Garcia, que concede o título honorífico de Honra ao Mérito Policial ao Tenente-Coronel Joel Prates Pedroso.

 

PROC. N.º 4206/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 188/04, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que autoriza o Executivo Municipal a implantar um velódromo no Porto Seco.

 

PROC. N.º 4018/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 174/04, de autoria do Ver. Carlos Pestana, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao empresário Israel Tevah.

 

PROC. N.º 4036/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 177/04, de autoria do Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Annita Grossi da Silva um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.

 

PROC. N.º 4109/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 102/04, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Padre Blásio Raymundo Vogel, SJ.

 

PROC. N.º 4119/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 182/04, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Avenida Altos do Santa Rita um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Hípica.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu gostaria de lembrar que a Pauta é muito importante, mas também é importante a análise dos espelhos que nos são encaminhados e que mostram algumas coisas que precisam ser conhecidas por todos os Vereadores. Por exemplo, na segunda-feira eu mostrava que a Prefeitura recebeu o pagamento da gestão plena do Sistema Municipal de Saúde. Para média complexidade recebeu 30 milhões, 716 mil reais que não aparecem na execução orçamentária. Hoje, quarta-feira, é complementado por mais 4 milhões, 130 mil, 988 reais e 53 centavos. E aí eu pergunto: onde está o dinheiro que o Ministério da Saúde manda para a Prefeitura?

Mas eu vou analisar apenas dois dos projetos. Em um deles o Ver. Wilton Araújo pretende que o Imposto de transmissão de bens imobiliários possa ser parcelado. Eu não tenho nenhuma restrição, Ver. Wilton, mas o art. 2º é taxativo, e aí sim eu tenho dúvidas se ele poderia ser melhorado. Ele diz que o Imposto será pago em dez parcelas. Vale dizer que se alguém quiser pagar em uma só parcela, ou em quatro parcelas, não pode. Então, eu substituiria “dez” por “até dez”.

 

O Sr. Wilton Araújo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Realmente, nós recebemos essa idéia e trabalhamos a idéia do parcelamento para incentivar o segmento da construção civil e movimentar todo esse segmento da sociedade. Mas a observação de V. Exª é muito oportuna. A palavra “até dez” realmente melhoraria muito, assim como – nós estamos estudando uma emenda, e V. Exª também poderá apresentar, vai nos auxiliar bastante – a questão da atualização monetária das parcelas; acho que também caberia aí. Então, acho que podemos amadurecer a idéia e, em conjunto, levar à votação um bom projeto. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Correta a posição de Vossa Excelência. Realmente há uma preocupação. São parcelas, e não está dito que são iguais, mensais e sucessivas, mas dão a entender que precisam ser corrigidas como se corrigiu o IPTU. Não há problema nenhum. Eu acho que o Projeto é bom e não há por que não aprimorá-lo e aprová-lo.

Eu vou voltar ao Projeto do Ver. Beto Moesch. O Ver. Beto Moesch quer fazer um Decreto Legislativo, anulando o Decreto do Prefeito que permite o uso de próprio municipal à Sociedade Recreativa Beneficente e Cultural Banda Itinerante. Eu já disse, na segunda-feira, que há reclamações quanto a essa permissão da Prefeitura para ali localizar uma banda itinerante, não dizem o que é que vão fazer, o que vai ser construído, como será utilizado o próprio municipal, que parece ser área destinada à praça. Parece-me que o Vereador está absolutamente correto, porque as reclamações da coletividade são muito grandes e essa coletividade, que, segundo o Orçamento Participativo, diz que é ouvida, não foi ouvida. Mas, mais do que o Orçamento Participativo é a lei que diz que qualquer alteração se fará - com qualquer permissão nesse sentido - com a audiência da coletividade, que dirá a sua opinião e não mostrará apenas os seus problemas.

A Procuradoria da Casa diz que, no que tange a proposição real do Ver. Beto Moesch, a legislação somente autoriza o Poder Legislativo a sustar atos normativos que exorbitem do poder regulamentador, e que, salvo melhor entendimento, não se vislumbra isso no presente caso.

Ora, se a Lei Orgânica determina que a coletividade seja ouvida, e a coletividade não foi ouvida, eu penso que nada mais precisa ser dito para que o Decreto Legislativo seja validado, para que o Decreto Legislativo torne sem efeito o Decreto do Prefeito, que deu permissão para uma área que é de praça, que deu permissão, sem ouvir a coletividade, como determina a Lei Orgânica, pois nós não sabemos o que vai ser feito naquela área. Portanto, o Decreto Legislativo é pertinente, é correto, absolutamente correto. E faço votos que também seja aprovado. Saúde e PAZ!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu queria, inicialmente, cumprimentar o Ver. Haroldo de Souza pela oportunidade de indicar um atleta que, talvez, seja o melhor jogador de futebol, hoje, do mundo: o Ronaldinho, para receber o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, porque o que ele está fazendo pela nossa Capital, efetivamente, é incomensurável. Ele está levando o nome de Porto Alegre ao mundo. E isso nós devemos reconhecer. Parabéns ao Ver. Haroldo de Souza pela feliz iniciativa.

Eu também, como o Ver. João Antonio Dib, quero falar sobre o Projeto do Ver. Wilton Araújo, que permite parcelar o pagamento do ITBI. É claro - como diz o Ver. João Antonio Dib -, precisa de algum detalhe ainda, talvez, de alguma emenda que melhore um pouco o Projeto, mas a idéia é excelente, espero que não tenha nenhum problema burocrático junto aos cartórios, porque a transmissão de propriedade é um assunto muito sério. Mas como diz o próprio autor, é um Projeto que visa a incentivar o mercado imobiliário. Eu tenho vários amigos que querem receber a escritura, outros que querem passar a escritura de um imóvel e não conseguem por causa da dificuldade que têm de alocar recursos para o pagamento do Imposto de transmissão imobiliário. Então, é uma grande oportunidade que, efetivamente, incentiva o mercado imobiliário e regulariza vários problemas que as pessoas têm, especialmente os mais pobres, que têm dificuldades para pagar o ITBI.

Eu gostaria que o ITBI não fosse 3% sobre o valor da transação imobiliária, porque é um exagero. No interior do Estado, há cidades em que o ITBI é de 1% e, em outras cidades, ele é de 2%, sendo que os imóveis no Interior valem menos que os imóveis de Porto Alegre.

Portanto, a Prefeitura, Ver. João Antonio Dib, está arrecadando impostos em cima dos imóveis de maior valor - os quais, efetivamente, estão na Capital -, e, também, em cima da maior alíquota do País. Três por cento é um exagero! Eu entendo que poderia ser 1% por ser um valor adequado. Mas como nós não podemos – ao menos, por enquanto – mexer na alíquota, a proposta do Ver. Wilton Araújo é importante, qual seja, parcelar o pagamento do ITBI.

Eu gostaria de citar o Projeto – que também é do Ver. Haroldo de Souza –, que fala sobre as tampas de bueiros no Município de Porto Alegre.

As tampas de ferro, que possuem um valor extremamente elevado, estão sendo furtadas pela população. Então, substituindo-as por tampas de concreto armado, nós teremos uma solução melhor para o trânsito, uma vez que existe a possibilidade de se colocar uma cobertura em cima delas. Hoje, as tampas de ferro, normalmente, ficam mais em baixo, causando um desnível nas ruas de Porto Alegre.

Quanto às bocas-de-lobo, elas ficam mais fáceis de serem repostas. Nós temos um caso na esquina da Rua Ângelo Crivellaro com a Av. Cristiano Fischer em que faz três meses que a boca-de-lobo está aberta e a Prefeitura não a repõe. Eu acredito que, colocando-se tampas de concreto armado, esse assunto seria regularizado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço a manifestação do Ver. João Carlos Nedel.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, a Pauta tem, como bem acentuou o Ver. Nedel, importantes assuntos em discussão, entre os quais, a já amplamente destacada iniciativa do Ver. Haroldo de Souza com relação ao Ronaldo Assis Moreira, o nosso Ronaldinho, o que torna desnecessário que eu repita as palavras do Ver. Nedel, já que com elas eu concordo plenamente.

O que obviamente nos chama para este debate preliminar é o Projeto de Lei, de origem governamental, que é uma Emenda à Lei Orgânica, matéria que, pelas suas características, necessita de um quórum privilegiado - que é de dois terços da Casa - para modificar qualquer disposição hoje vigorante na nossa Lei Orgânica. Daí que essas propostas devem ser devidamente discutidas e analisadas a fim de que elas tenham condição de tramitação e aprovação, porque conseguir os 22 votos impõe uma negociação ampla e um esclarecimento adequado para que um processo de adequação da nossa Lei Orgânica a uma realidade especial não venha a sofrer qualquer empecilho na sua tramitação ordinária.

Basicamente o Projeto de Emenda à Lei Orgânica altera os prazos, Ver. João Dib, de que dispõe o Executivo para o envio à Casa dos Projetos de Lei que tratam do Plano Plurianual e da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Evidentemente que não se propõe uma alteração de prazos sem que se tenha um fundamento básico.

A primeira leitura que se faz da Exposição de Motivos do Prefeito João Verle impõe a necessidade de um aprofundamento sobre os fundamentos desta proposta. Diz o Prefeito João Verle, apresentando a proposta (Lê.): “A razão principal para tal alteração”, ou seja, as alterações das datas de encaminhamento para a Casa das leis já referidas, “é a ampliação do período necessário ao planejamento de programação do Plano Plurianual - PPA. Com efeito, tem sido constatada a exigüidade do tempo conferido pela Lei Orgânica do Município - LOM - quatro meses -, para o planejamento e elaboração do Plano Plurianual, eis que o mesmo, não bastassem as dificuldades inerentes à complexidade da matéria para a sua confecção, a sua elaboração ocorre no primeiro ano de mandato, quando, indubitavelmente é necessário um período de adaptação e conhecimento, quando, indubitavelmente, é necessário um período de adaptação e conhecimento da drenagem administrativa.”

Ora, como eu disse anteriormente, essa matéria merece uma reflexão, especialmente essa colocação. Eu parto da presunção, Vereadora-Presidente, de que todos aqueles que se propõem a dirigir o Município, que por isso estão inscritos pelos seus Partidos como pretendentes, candidatos que são, devem ter o seu programa de ação predelineado e, certamente, uma vez escolhidos até o final do mês de outubro para dirigir o Município de Porto Alegre, disporão, não de quatro meses, mas de seis meses para se preparar para essa proposta. Não creio que aqui em Porto Alegre ocorra de surgir um Governo que não tenha proposta claramente definida. Eu acho que o povo não escolherá alguém que tenha esse tipo de comportamento, porque as experiências que temos, em nível nacional, de utilização dos projetos alheios, da encampação dos projetos alheios, demonstram, no nosso juízo, uma situação muito desagradável e, sobretudo, negativa para a administração pública em geral.

Por isso, eu vou voltar a discutir esse assunto na próxima Sessão, porque acho que temos de ter uma reflexão muito forte para verificar a real necessidade da Lei Orgânica nesse particular. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes. (Lê faixa exposta na galeria.) “Vereadores, corrijam o erro de indexação da Lomba do Pinheiro. Queremos táxis com tarifas de Porto Alegre”. Mas, na Lomba do Pinheiro, a tarifa de táxi não é a de Porto Alegre? (Pausa.) Com certeza, vou tomar conhecimento. Acho que todos nós devemos tomar conhecimento a respeito dessa denúncia. Maiores detalhes nas nossas próximas participações.

Eu não preciso falar do porquê estou pedindo o Título de Cidadão de Porto Alegre para o jovem Ronaldo de Assis Moreira. Pelo que fez na Copa da Coréia, do Japão, e sua afirmação no futebol europeu, recomendo-o como grande embaixador do momento de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Quem não conhece “Ronaldinho Gaúcho”? Criado no Estádio Olímpico, explodiu para o mundo, sendo hoje um dos jogadores mais importantes com que conta o Brasil para tentar o título de 2006, na Alemanha, o Hexacampeonato Mundial de Futebol. Não é necessário, creio eu, pedir aos meus amigos e amigas Vereadores a aprovação deste meu pedido: “Ronaldinho Gaúcho, Cidadão de Porto Alegre”.

E, neste espaço que ainda tenho no período de Pauta, quero falar rapidamente de um Projeto meu que tramita na Casa e que fala das tampas de bueiros; é a tentativa para se evitar mais prejuízos para o Município. A onda de roubar as tampas de ferro de nossos bueiros continua, e logo esse tipo de delito estará como a "febre" que passou por São Paulo.

Então, estou pedindo a aprovação de um Projeto que irá estabelecer que, doravante, as tampas de ferro de nossos bueiros, ao serem substituídas, passem a receber tampas de concreto armado. É isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Verª Margarete Moraes, Presidenta desta Casa, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, há diversos Projetos em Pauta, mas me fixarei aqui no Projeto de Lei nº 175/04, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que dispõe sobre as tampas de bueiros no Município de Porto Alegre. Todos somos conhecedores que grande parte das tampas de bueiros da cidade de Porto Alegre são de ferro. E o Ver. Haroldo de Souza propõe a sua substituição por outro material: concreto. A razão, evidentemente, Srª Presidenta e Srs. Vereadores, é exatamente o roubo, o furto desses equipamentos importantes. É comum ver-se na Cidade faltarem esses equipamentos, ora por falta de uma maior assiduidade de parte do DEP, ora porque as referidas tampas são roubadas; elas são um patrimônio da população, que custam ao bolso da população. Eu acho que é uma discussão importante, é um Projeto importante, que deve ser examinado, discutido na Casa, bem como se deve fazer uma análise do ponto de vista técnico e do custo-benefício. Evidentemente, o concreto tem uma capacidade de resistência, de suportabilidade, assim como o ferro, mas é preciso que se faça uma análise técnica para efetivamente se ter alterado o referido equipamento. Num primeiro momento a alteração se nos afigura importante. Ver. Haroldo de Souza, estou a comentar o Projeto de V. Exª e estou aqui a dizer que há de se fazer uma discussão e uma avaliação técnica do ponto de vista do benefício: a suportabilidade, a capacidade de resistência. O preço do ferro é um, e o preço do concreto é outro. Precisamos, então, de uma boa avaliação, mas, de qualquer forma, é inteligente a iniciativa de Vossa Excelência.

Portanto, uma análise técnica, um exame da matéria se faz importante para, exatamente, produzir-se a legislação que a Cidade espera dos seus legisladores, e legislações inteligentes que buscam dar o maior aproveitamento ao patrimônio público, porque as tampas de bueiros são equipamentos públicos e, como tal, a população tem de, também, ser fiscal da manutenção desses equipamentos. De qualquer forma, fica aqui a nossa manifestação para dizer que, num primeiro momento, se nos afigura que pode ter fundamento a iniciativa de V. Exª, mas gostaríamos que o assunto fosse aprofundado e que se fizesse uma análise técnica, inclusive no sentido de ver o custo-benefício; até que ponto a substituição trará efetiva e concretamente um beneficio à Cidade e, de resto, ao Erário. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Encerrada a discussão de Pauta.

O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exma Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Exmas Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que hoje nos acompanham nesta tarde de votações da Câmara Municipal de Porto Alegre. Identifico, aqui, os da Lomba do Pinheiro, que estão justamente reivindicando a questão da indexação por parte dos táxis para a cidade de Porto Alegre, e o Movimento Cidade Vive, que também nos honra com a sua presença. Neste tempo de Liderança, a Bancada do PPS, este Vereador em especial, gostaria de trazer um assunto para torná-lo mais claro, mais objetivo. É o Projeto de Decreto Legislativo de autoria deste Vereador, que susta os efeitos do Decreto do Prefeito Municipal, de maio deste ano, que tenta legalizar um estudo advindo da Universidade Ritter dos Reis. Para que a gente compreenda esse processo todo, é necessário, Ver. Beto Moesch - certamente, V. Exª trabalha nesse assunto -, que se entenda que, em 1999, a Câmara Municipal aprovou o Plano Diretor, dando 180 dias para o Prefeito Municipal encaminhar para esta Casa vários projetos de lei. Um deles é o Projeto que cria as Áreas Especiais de Interesse Cultural. Cento e oitenta dias, em 1999! Nós estamos em 2004; portanto, de quatro a cinco anos esta Casa aguarda pelo envio de um Projeto de Lei que crie as Áreas Especiais de Interesse Cultural.

A Casa é paciente, não fora o Prefeito Municipal, nesses quatro anos, resolver ser o ditador da Cidade, Ver. Haroldo de Souza. Ou seja, ele não precisa mais da Câmara; ele manda fazer um estudo na Ritter dos Reis, que, acredito, seja bom: é de colegas meus, engenheiros, arquitetos, estudiosos do assunto. Eu não tenho nada contra esse estudo, acho que ele deve ser bom. Só que o Prefeito começa a usar esse estudo para fazer a avaliação dos projetos que dão entrada na Prefeitura; e não conta para ninguém! É uma coisa secreta! É uma coisa secreta!

Aí, a pessoa entra com um projeto, o projeto chega lá, e dizem: “Este está numa Área Especial de Interesse Cultural, vai para o EPAHC”. Na segunda vez, vai de novo. Aí, as pessoas começam a se perguntar: “Que estudo é esse? Com base em que está indo para lá? Em que lei está baseado isso? Há uma lei? “ Não, não há lei nenhuma, a coisa é feita às escuras, dentro dos balcões da Prefeitura, do EPAHC, do Compac, de não sei bem onde. Mas aqueles que querem entrar com um projeto, como pequenos construtores, pessoas individuais, sentem essa dificuldade que se espalha pela Cidade toda.

Aí, pressionado pela comunidade, as pessoas começam a indignar-se. Existem casos, por exemplo, que, em determinado terreno, foi aprovado um projeto e, no terreno ao lado, o mesmo projeto foi rejeitado. Começa-se a aprovar ou rejeitar de acordo com o gosto e o humor daquele que analisa. Não há mais regra, não há mais lei! Do que precisa a Cidade? Precisa, sim, de uma lei, e é por isso que esta Câmara, deverá, no meu modo de ver, manifestar-se, eliminando esse Decreto que tenta legalizar o “ilegalizável”.

Sem lei não há regra, e é só aqui, nesta Casa, onde a sociedade, por inteiro, pode-se manifestar. Sim, os senhores que estão aí, os senhores que pensam diferente, todas as correntes podem-se manifestar, e não ao arbítrio do Prefeito. Ele inventou, ele entendeu que isso era dessa forma, e assim aplicou. Não é assim na democracia. Democracia, sim, é ouvir todas as opiniões e tirar a melhor regra para a Cidade, e é isso que nós queremos. Quando nós tirarmos o efeito e sustarmos esse Decreto, ou o Prefeito manda para esta Casa o Projeto de Lei para que toda a sociedade possa opinar, ou vai ficar valendo nada. Será que não é isso que ele quer? Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. BETO MOESCH: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, estava previsto para hoje, mas parece que há um entendimento de não mais ocorrer a votação do Decreto Legislativo de autoria do Ver. Wilton Araújo, que susta o Decreto do Sr. Prefeito no que diz respeito a uma tentativa precária, mas real, de instituir, em algumas áreas da Cidade, Área Especial de Interesse Cultural, ou área do patrimônio cultural, na cidade de Porto Alegre.

O Ver. Wilton Araújo, há pouco, quando esteve na tribuna, falou sobre os prazos previstos no Plano Diretor para a sua respectiva regulamentação. Ora, Ver. Pujol, foi regulamentada apenas uma parte do Plano Diretor. O Plano Regulador, justamente a parte impactante do Plano, foi regulamentado; o resto não foi. O patrimônio cultural não foi regulamentado; o patrimônio natural não foi regulamentado; o plano de circulação da Cidade não foi regulamentado. Como colocar em prática uma parte do Plano e não o seu todo? Ou executamos todo o Plano Diretor, ou não o executamos! Está-se executando uma parte apenas, Ver. Wilton Araújo, do Plano Diretor. E ainda querem acabar com a parte do patrimônio cultural! Não é esse o papel da Câmara de Vereadores. Embora devesse ter sido por lei, o próprio Plano diz - conceituado na Constituição Federal - que deve ser sistêmico, deve trabalhar a cidade como um todo. Então, como aplicar apenas uma parte desse Plano? Houve omissão do Poder Executivo, Ver. Wilton Araújo; uma total omissão, mais uma vez, do Poder Executivo, que não apresentou os projetos de lei para regulamentar o Plano Diretor, Ver. Luiz Braz!

Esta Casa não pode permitir que apenas uma parte do Plano seja executada; mesmo precariamente, por Decreto, nós temos uma outra partezinha do Plano Diretor, que é o Patrimônio Cultural, via decreto, mas é alguma coisa.

O que nós tínhamos de fazer era exigir do Executivo a apresentação do Projeto de Lei do Patrimônio Cultural, e não sustar o Decreto já existente, porque, embora precário, ele é válido, ele busca a sustentabilidade da Cidade através da tentativa de se colocar em prática o Plano Diretor como um todo. Mesmo assim fica faltando o Plano de Circulação; e mesmo assim fica faltando o Patrimônio Natural, Ver. Sebenelo, para o qual nem estudo foi feito ainda pelo Poder Executivo; nem estudo! Ou sustamos todo o Plano, é isso? Então vamos sustar todo o Plano e congela-se a Cidade.

Não podemos colocar em prática apenas uma parte do Plano, isso é um desserviço à Cidade; isso é um desserviço a essa comunidade que vem aqui a toda a hora para clamar por qualidade de vida, pelos seus direitos, pela cidadania. Como é fácil falar em cidadania aqui nesta tribuna, mas, e na prática, depois?

Portanto, nós teríamos, sim, é que votar esse Decreto Legislativo, hoje, com todo o respeito, Ver. Wilton Araújo, mas para derrubá-lo de vez, porque é um desserviço à Cidade. A Cidade é formada pelas suas pessoas, a Cidade é formada pela sua sociedade, é para ela que temos de legislar, Ver. Dr. Goulart. O que é uma cidade sem as suas pessoas, sem os seus habitantes? A cidade precisa das diversas atividades, precisa da construção civil, precisa do comércio, da hotelaria, da indústria, da agricultura, mas a serviço da comunidade. E a cidade é insustentável, porque apenas uma parte dela - o seu Plano Regulador, o que pode ser construído - é que está sendo executado. Uma cidade insustentável que gera conflito pela omissão do Poder Executivo. Mas nós não podemos nos omitir, e manter, mesmo que precariamente, esse patrimônio cultural que está aí. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidente, Srs. Vereadores, senhores visitantes, eu pedi emprestado para a Assamed, este cartaz. (Mostra o cartaz.)

Ontem, nós inauguramos a Rua Srª Marina Sirângelo Castelo. Essa senhora que foi homenageada salvou um dos nossos carimbos da Cidade, uma das características da Cidade: as torres da Igreja das Dores foram salvas do cupim. As torres foram salvas de dois tipos de cupim: esse voador, que come a madeira; e o cupim da nossa indiferença, o cupim da nossa omissão em relação aos nossos edifícios, à nossa história, à nossa cultura.

Por outro lado, nós, durante quase 30 anos, moramos no bairro Menino Deus, e a Praça do bairro Menino Deus...

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, eu solicito silêncio do Plenário para que o Ver. Cláudio Sebenelo possa ser ouvido respeitosamente como merece. O seu tempo está garantido, Vereador.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Obrigado, Srª Presidenta.

A Praça do bairro Menino Deus era o ponto de encontro de uma gurizada maravilhosa que, depois, seguiu sua vida lembrando diariamente de uma das coisas mais lindas que havia nessa época: os guapuruvus, que a esta estação, começavam a dar flores amarelas, o chão ficava todo amarelado, a Praça era supercuidada, e, de fundo, bem na chegada, no fim da Av. Getúlio Vargas, projetava-se um dos mais belos edifícios da Cidade de Porto Alegre: a Igreja do Menino Deus - a nossa reserva gótica, linda, que aqui está representada pela memória magnífica da Direção da Assamed.

Hoje, nós encontramos, no fim da avenida, um edifício quadrado que nada tem que ver com aquela beleza antiga, com aquela beleza insofismável, com aquela beleza exuberante, característica do bairro, característica da Cidade, assim como era também a Igreja das Dores e a Igreja do Rosário.

E a sanha desse cupim que devastou com a nossa memória é a mesma da nossa antiga omissão, que fez com que não nos apercebêssemos, na época, que aquele edifício da Igreja do Menino Deus era intocável. Hoje, a população cresceu, a arquitetura contemporânea substituiu aquela maravilhosa herança que nós tivemos - seja colonial, açoriana, barroca, gótica, todas elas juntas formavam os edifícios de Porto Alegre -, pois agora nós não vamos mais ser omissos. Os nossos prédios são inalienáveis. (Palmas.)

Eu ouvi, há pouco, o Lasier Martins falando sobre a cidade de Berlim, que sofreu uma guerra horrenda, em meados do século passado, da preservação das áreas culturais e da história das cidades o que é característica fundamental do Primeiro Mundo, é o indicador de progresso. Desmanchar a nossa história é o contrário, é uma indicação de retrocesso. (Palmas.) É uma indicação de despreparo das autoridades e que não pode ser coonestado e, mais do que isso, coadjuvado pela nossa omissão. Então, um não muito redondo às questões das áreas culturais; elas são intocáveis, mas não só intocáveis para nós, mas intocáveis para as próximas gerações, que têm de aprender história, que têm de aprender a cultura, que tem de aprender, inclusive, vendo essa herança maravilhosa que nós podemos deixar.

E essa luta começa agora, porque nós ainda temos uma excelente herança, um excelente acervo na Cidade para ser guardado. E a Presidenta Margarete Moraes que foi Secretária de Cultura sabe o quanto a área cultural é importante, o quanto as avenidas culturais - que ainda podemos construir nesta Cidade - são importantes para as nossas crianças, que adorariam saber que seus pais conservaram, cuidaram e entregaram - e vamos entregar - às próximas gerações. Não à destruição da memória, em algumas partes de Porto Alegre, como foi a Igreja do Rosário e a Igreja do Menino Deus e outras igrejas da cidade. Também deixaremos como um presente para as próximas gerações: o nosso conceito perante os nossos netos e bisnetos, mais tarde, de que nós, pelo menos, não fomos omissos. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Convido o Ver. João Carlos Nedel a assumir a presidência dos trabalhos.

 

(O Ver. João Carlos Nedel assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Verª Margarete Moraes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero agradecer ao nosso Líder, Ver. Carlos Pestana, por esta oportunidade, mas eu não poderia deixar de fazer uma manifestação em nome do meu Partido. Como todos vocês sabem, o patrimônio tem muitos significados, é muita coisa, mas poder-se-ia dizer que é inteligência, conhecimento histórico concretizado, materializado em bens, no comportamento, na expressão artística e sentimental, assim como na transmissão de uma cultura de geração para geração.

Quando fui Secretária da Cultura, Ver. Haroldo de Souza, com muito orgulho, absolutamente preocupada com o rico patrimônio histórico da nossa Cidade, e também cumprindo as prerrogativas da Secretaria Municipal da Cultura, nós realizamos estudos capazes de identificar, de delimitar, sobretudo de definir regimes urbanísticos próprios nessas que são as chamadas Áreas Especiais de Interesse Cultural de Porto Alegre.

Trata-se de um denso trabalho realizado durante quatro anos pela equipe do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural – EPAHC –, órgão instituído dentro da Secretaria Municipal da Cultura, e pela Faculdade de Arquitetura Ritter dos Reis, através de um convênio. Esse estudo obedeceu a critérios, não saiu da cabeça, do humor, do gosto pessoal de cada arquiteto, de cada profissional dali. Esses critérios são utilizados no mundo todo, universalmente, para a preservação patrimonial das cidades.

Esses critérios, em suma, dizem que é preciso garantir, por um lado, a sustentabilidade do desenvolvimento urbano, mas, sobretudo, mantendo a identidade da cidade.

Eu considero a identidade como um direito dos habitantes que povoam a cidade de Porto Alegre.

Esse estudo diz que conjuntos patrimoniais urbanos, emblemáticos e singulares nos dizem que a cidade é formada por etnias - e em Porto Alegre são 25 etnias -, e ela não pode ser vista através de um conceito, de uma concepção homogênea, e aí o Poder Público, a SMC e a Faculdade Ritter dos Reis devem tratar, no caso do estudo, ambiências, sítios e paisagens a partir de uma visão panorâmica, que enxergue o todo, mas que enxergue aquilo que é singular, aquilo que é diferenciado.

Portanto, esse estudo tem critérios, tem valores que dizem respeito a valores culturais, morfológicos, valores funcionais e também a aspectos paisagísticos.

No caso dos valores culturais, são valorizadas, às vezes, coisas simples, detalhes, símbolos, práticas culturais consolidadas, como é o caso, Ver. Reginaldo Pujol, do Brique da Redenção ou da Festa dos Navegantes, que existem e devem ser considerados no estudo.

Já os aspectos morfológicos levaram em conta a origem e a significação de monumentos ligados à arquitetura e ao urbanismo em seu entorno. Aí nós poderíamos citar o conjunto habitacional do IAPI, o ambiente da Praça da Alfândega, o entorno da Igreja das Dores.

E se nós pensarmos os aspectos funcionais, podemos perceber que muitos conjuntos, hoje deteriorados, merecem reanimação, sim. Exemplo de um grande potencial de reciclagem, como aconteceu no trabalho de reforma e reciclagem da Usina do Gasômetro.

Também foram considerados aspectos paisagísticos que compreendem os diversos e distintos conjuntos ambientais da Cidade.

Enfim, todo esse estudo procura uma coisa: respeitar e valorizar o que os nossos antepassados fizeram no chão onde nós pisamos. Nós não podemos desconsiderar o passado, porque isso significa desrespeitar a nossa própria existência. A cidade deve crescer, deve desenvolver-se, mas é dever do Poder Público preservar o seu patrimônio, o seu patrimônio urbano. (Palmas.)

Portanto, venho aqui me manifestar absolutamente a favor desse Decreto do Prefeito. E, aí, concordo com o Ver. Wilton Araújo, acho que chegou até atrasado, mas está na hora de a cidade de Porto Alegre criar essa consciência de história, essa consciência de memória, sobretudo de espaço físico; só assim nós vamos garantir o futuro para os nossos filhos. Obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, eu pediria um minuto para fazer um registro apenas. Ontem nós assistimos ao Concerto Comunitário Zaffari, em homenagem aos 231 anos da Câmara Municipal. Foi um espetáculo grandioso. E, no momento em que foi cantado o Hino Nacional, houve quase que lágrimas; foi uma coisa muito bonita e eu gostaria que ficasse registrado nos Anais da Casa, e, inclusive, o agradecimento ao Grupo Zaffari.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Belo registro, Ver. João Antonio Dib. Desde o ano passado a Cia. Zaffari presta homenagem a esta Casa, no seu aniversário, realizando um concerto, dentro do programa dos Concertos Comunitários Zaffari, que existe há 17 anos. São momentos de livre acesso a toda população. Em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, eu quero agradecer pela iniciativa e também registrar as presenças, no evento, do Ver. João Antonio Dib, do Ver. Raul Carrion, da Verª Maristela Maffei, e da maioria dos conselheiros honorários de Porto Alegre.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, assomo à tribuna precedido de três belos pronunciamentos, que culminaram com a manifestação da ilustre Presidente da Casa, falando em nome do seu Partido, o Partido dos Trabalhadores. Eu entendo, com toda a segurança, que é preciso que se enfoque novamente uma discussão que equivocadamente se estabelece nesta Casa.

Aqui parece que existem Vereadores com predisposição contra determinados projetos - encomendados, há longo tempo, pelo Executivo, pela própria Presidente da Casa, quando Secretária da Cultura - e que fariam parte, necessariamente, de um anteprojeto de lei que há três anos deveria ter chegado aqui nesta Casa. É preciso que se diga, claramente, para que aqui não existam grupos de bandidos e de mocinhos - e agora de mocinhas também -, que o Partido dos Trabalhadores, Ver. Wilton, está absolutamente isento de culpa nesse particular, porque o seu Governo é o grande devedor da Cidade. Se alguém tem que ser recriminado nessa hora é aquele que descumpriu a lei e que buscou, através de um canetaço, por um Decreto, resolver uma situação que ele tinha de, democraticamente, ter proposto para discussão com a sociedade, com os mecanismos de apoio instituídos na Prefeitura, e, finalmente, com a deliberação desta Casa.

Eu quero dizer, com a responsabilidade de antigo integrante desta Casa, que o Legislativo nunca faltou com a Cidade e soube sempre enfrentar, às vezes com discussões muito acaloradas, as deliberações que lhe foram submetidas.

Digo mais, Ver. Sebenelo, e o faço até em homenagem a V. Exª, nós podemos assegurar que esta Casa não terá dúvidas em deliberar, em 30 dias, sobre uma proposta que possa ser-lhe encaminhada com três anos e meio de atraso.

O que estamos aqui cogitando, Ver. Sebenelo, é não chancelar a omissão nem retroceder na história - e V. Exª tem preocupação, nesse sentido -, assegurando ao Prefeito Municipal o direito de não substituir fazendo por Decreto aquilo que é dever nosso fazer por lei. É preciso que seja colocada claramente essa situação. Eu fui parecerista no Projeto de Decreto Legislativo do Ver. Wilton Araújo, e em nenhuma linha sequer eu mexi no mérito da proposta que foi estudada pela Universidade Ritter dos Reis, que eu tive conhecimento até por uma gentileza da ex-Secretária da Cultura, que trouxe aqui técnicos da Secretaria da Cultura, que nos expuseram o Projeto; e a lo largo é um bom Projeto, que merece algum reparo, mas que na essência merece ser apoiado pela Casa.

Eu não sei por que, por qual razão essa omissão do Executivo de há três anos não ter encaminhado esse Projeto aqui para a Casa. Será por quê? Para desmoralizar a Câmara? Para dizer que a Câmara não delibera, "Então nós, do Executivo, fizemos um Decreto e ele vale. Nós estamos atendendo àqueles que têm preocupação com a preservação do Patrimônio Histórico e Cultural". Não, esta Casa, sempre que foi convocada, soube responder à altura; pode, às vezes, ter errado, na opinião de alguns, e acertado, na opinião de outros, mas nunca se omitiu de deliberar. A omissão se registra nos dias presentes.

Eu não queria trazer esse debate nesta hora, porque pode parecer eleitoreiro, mas a verdade insofismável é que quem se omitiu, quem negligenciou, quem não cumpriu com os seus deveres foi o Governo do Município, que há três anos deveria ter decidido se aquilo que ele encomendou, se aquilo que lhe foi entregue, se aquilo pelo qual ele pagou com o Erário Municipal era bom. Deveria ter encaminhado a decisão de quem cabe dispor sobre as coisas deste Município de acordo com o que estabelece a Lei Orgânica Municipal.

Então, eu quero dizer, com toda a tranqüilidade, e o faço em homenagem aos quantos que vêm hoje aqui na sua luta em defesa do patrimônio histórico-cultural no Município de Porto Alegre: não interpretem de forma equivocada a posição de alguns Vereadores desta Casa. Eu, por exemplo, vou antecipar: vou pugnar para que este Decreto deixe de produzir os seus efeitos, porque ele foi malnascido, malgestado e foi malcriado! Este Decreto, em última instância, é um balde de água fria na luta daqueles que querem construir um Estado de Direito neste País. Se formos silenciar nesse particular, Ver. Dr. Goulart, aí sim, Srª Presidente, assinaremos o nosso decreto de omissos por inteiro! E mais do que omissos, de lenientes! E mais do que lenientes, de cúmplices numa derrocada do Poder Legislativo da Cidade! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes, Presidenta desta Casa, demais Vereadores e Vereadoras, todos os que nos assistem na tarde de hoje. Ainda que esta questão venha a ser discutida na Ordem do Dia, a do Decreto Legislativo que suspende o Decreto que preserva as Áreas de Interesse Cultural e de Interesse Histórico, queremos-nos manifestar rapidamente sobre a questão neste momento. Em primeiro lugar, a nossa postura, já na votação na CUTHAB, foi clara: estamos votando contrariamente ao Projeto de Decreto Legislativo do Ver. Wilton Araújo. Entendemos que, mesmo que sigamos o raciocínio um tanto formalista - parece-nos - do Ver. Reginaldo Pujol e de outros Vereadores, se deveria ser um Decreto ou um Projeto de Lei, o importante, Ver. Dr. Goulart, é que hoje, por iniciativa do Executivo, há um Decreto baseado no estudo de uma Faculdade, que busca preservar. Eu não consigo acreditar que sejam os construtores, que sejam os Vereadores desta Casa, que querem, agora, fazer tábula rasa, eliminar qualquer regulamentação e instituir a lei da selva! Eu questiono essa opinião formalista, no sentido de que, como não é lei, não havia nada!

Aliás, Ver. Gerson Almeida, é bom dizer que a Justiça foi chamada a opinar e já opinou sobre isso, Ver. Dr. Goulart, dizendo que, enquanto não houver uma lei, vale o Decreto! A quem interessa isso?! Nós sabemos que um Projeto de Lei vai tramitar meses, anos, sendo que, durante esses meses e anos, cada um vai fazer o que quiser nesta Cidade?! É isso o que pretende o Ver. Wilton?! Não consigo acreditar! (Palmas.)

Então, queremos dizer outra coisa: mesmo que o Projeto do Legislativo seja votado, ele não irá vingar, Ver. Gerson, pois o Executivo Municipal tem preocupação, sim, com a Cidade, e vai ingressar na Justiça! Portanto, esse Decreto Legislativo não vai vigorar! Sinceramente, isso é jogo de cena! E contrariamente a alguns Vereadores da oposição, que são contra o Decreto Legislativo, mas vêm aqui, neste momento, não para criticar os seus, mas para criticar a Prefeitura, que está procurando preservar!

Então, é preciso ter seriedade, aqui! É preciso ter coerência! Nós queremos que os Vereadores de oposição, que são contra o Projeto do Legislativo, venham aqui defender a Prefeitura, neste momento, e não atacá-la, porque senão fazem o jogo da oposição! Não queremos falsas vestais, aqui!

Aliás, eu quero lembrar - já que estamos falando em preservação - quem foi que, lá na Assembléia, votou para anular, na Constituição Estadual, a proibição das queimadas?! Não foi a Frente Popular, não! Eu não vou dizer quem foi, pois alguém pode se ofender, e, neste momento, eu quero que ele vote junto conosco, Ver. Gerson. Mas não foi a Frente Popular que lá na Constituição do Estado derrubou o artigo que proíbe as queimadas no Rio Grande do Sul! E, agora, vem fazer pose preservacionista?! Há que se fazer a crítica a esses Partidos que fazem esse jogo duplo.

Concluo, dizendo que a discussão vai-se dar em torno do Decreto Legislativo. Neste momento não se está discutindo se precisa ser um decreto ou uma lei, mas se vamos preservar as Áreas Culturais e Históricas, defendendo o Decreto já estabelecido pela Prefeitura ou se vamos, em nome do formalismo, fazer tábula rasa e abrir a Cidade para a total especulação, para a total construção em qualquer Área de Interesse Cultural. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. GOULART: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, demais pessoas que nos ouvem, eu queria só lembrar o nosso Ver. Carrion que vários Deputados do PT votaram a favor das queimadas.

Mas não é esse o assunto que quero tratar neste momento. Eu venho aqui falar da intransigência humana, da intransigência ditatorial; eu venho aqui falar da Unimed, da cooperativa dos Médicos. A Unimed, cooperativa que deveria proteger os Médicos, funciona como certos Poderes Executivos que maltratam os Médicos. A Unimed designa 9% do que arrecada para o pagamento dos serviços médicos – só 9% do que arrecada! Quem possui o plano de saúde da Unimed? É a população pobre que precisaria do carinho do Médico? Não! São pessoas que podem pagar os grandes planos, são os grandes executivos, são os milionários desta terra, que compram o plano e que continuam pagando o plano, que repassa um valor miserável para que os médicos façam suas belas cirurgias, principalmente as de câncer.

Eu estive na última assembléia da Unimed. Pasmou-me o fato de saber que os estatutos daquela instituição permitem que os seus diretores acumulem três, quatro cargos; no mínimo dois, regiamente pagos. Quer dizer que não é só no Poder Público que acontecem as coisas, acontecem também no poder privado.

Na Unimed seus diretores acumulam dois, três cargos e ganham quase 60 mil reais, o que é uma barbaridade! E naquela mesma assembléia, este médico que batalha pelos mais pobres, na defesa incondicional do SUS, achou que era uma indecência aquele fato, e pediu que houvesse uma Moção, na assembléia da Unimed, contra esse fato. O Presidente da Unimed, hoje, manifestou-se dizendo que este Vereador havia feito uma Moção contra a pessoa dele - Presidente -, quando eu nem sabia que o Presidente da Unimed acumulava vários cargos ou que deseja acumular vários cargos, e por isso se incomodou.

Então eu vou trazer a público esse pedido de Moção, que não foi registrado pela assembléia, porque usaram de todos os recursos, com seus advogados lá presentes para não fazê-lo. Agora o faço publicamente, aqui desta tribuna, no sentido de que os diretores da Unimed mantenham um cargo apenas - que é muito bem pago - e coloquem outras pessoas em outros cargos, para que não haja uma concentração de poder e de renda dentro da Unimed - o que é uma barbaridade! Que se preocupem, sim, em pagar bem os atos cirúrgicos e as internações, já que pagam bem os hospitais! Que não se preocupem apenas em pagar muito bem os seus diretores! E aqui estarei lutando contra qualquer instituição da qual eu faça parte e que cometa esse tipo de injustiça contra os seus pares.

A Unimed tem de rever suas posições, para o bem da clareza, para o bem da seriedade. E seus grandes diretores, que recebem muito, têm de ter apenas um cargo. Estarei aqui fiscalizando, como fiscalizo também o Poder Público.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero apregoar a Emenda nº 01 ao PLL nº 104/04. (Lê.) “1 - Dá nova redação ao caput do art. 2º que passa a constar como segue: Art. 2º - Os serviços objeto desta Lei, são os prestados nos locais identificados, caracterizados como pontos de estacionamento fixo, pelos permissionários prefixos referidos abaixo, expedidos pelo Executivo Municipal de Viamão, que passam a pertencer ao sistema de transporte individual de passageiros-táxis de Porto Alegre, através da emissão de alvará de autorização para o Município de Porto Alegre. 2 - Inclui artigo no PLL supra, com a seguinte redação: As permissões reguladas por esta Lei não serão objeto de transferência, exceto por direito hereditário na forma da Lei Civil. 3 - Substitui no art. 3º a expressão delegatários, pela expressão permissionários.

Justificativa. Da tribuna".

Sala das Sessões, 8 de setembro de 2004. Assina o Ver. Carlos Pestana, Líder da Bancada do PT e a Verª Clênia Maranhão, Líder da Bancada do PPS.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. CARLOS PESTANA (Requerimento): Presidenta Margarete Moraes, venho em nome da minha Bancada e da Bancada do PCdoB e acredito que, também, da do PSB e do Ver. Beto Moesch, não de sua Bancada -, propor, como Ordem do Dia, que a gente encaminhasse, de imediato, a discussão e votação do PDL nº 005/04, do Ver. Wilton Araújo, e, posteriormente, o Projeto de Lei Legislativo nº 104/04.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Srª Presidenta, dado que não existem nas Bancadas de oposição e situação nenhum tipo de acordo, nós gostaríamos de abrir, primeiro, um tempo para que isso possa ser possível – se é que isso vai ser possível. Senão, depois, é claro, como sempre é feito nesta Casa, a decisão democrática se procederá. Nesse sentido, então, encaminharia à Mesa para que se abrisse esse tempo e pudéssemos proceder às negociações necessárias.

 

O SR. BETO MOESCH: Verª Margarete Moraes, nós tentamos negociar esse assunto quando tramitava na Comissão do Plano Diretor. Não foi aceito, e agora este Vereador quer votar o Decreto Legislativo.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, embora esta Casa, em matérias polêmicas, normalmente tem tido o procedimento, sempre atendendo aos apelos do PT, de buscar um consenso num encaminhamento, quanto às oposições, não há problema nenhum – falo em nome do meu Partido. Se há um Requerimento, vamos votá-lo! É simples. Vamos votar o Requerimento! Se quebraram, hoje, o acordo de consenso em matérias polêmicas, vamos enfrentá-los a partir de agora! É assim? Então o jogo vai ser esse. Se o PT pretende isso, vai ser assim, a partir de hoje, até 31 de dezembro!

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h38min.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes – às 15h40min): Estão reabertos os trabalhos.

Pergunto ao Ver. Carlos Pestana se ele mantém o seu Requerimento. (Assentimento do Vereador.)

Em votação o Requerimento do Ver. Carlos Pestana. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento do Ver. Carlos Pestana.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; senhoras e senhores, é sempre bom a gente ver, aqui na Casa do Povo de Porto Alegre, as comunidades pressionando os Srs. Vereadores, representantes da sociedade, tentando, de todas as formas, fazer valer os seus direitos, os direitos da sua comunidade, que estão em discussão neste momento.

Mas nós, Vereadores, temos uma obrigação, e ela está fundamentada na Constituição e na nossa Lei Orgânica: a de defender o Poder Legislativo contra todos os ataques que são feitos para soterrá-lo sob um poder maior, o Executivo, que tem uma Bancada muito representativa em termos de número de Vereadores aqui nesta Casa, e que tem mais uns representantes que se atrelam a ela, porque é muito fácil atrelar-se ao poder maior. Portanto, nós estamos jogando hoje, aqui, Ver. Sebenelo, Líder da minha Bancada, um jogo realmente difícil, porque, de um lado, nós estamos absolutamente vinculados à luta das comunidades, dentro daquilo que elas pensam que deve ser, realmente, o melhor em termos de legislação nas áreas culturais. Mas, por outro lado, nós não podemos abrir mão de defendermos o Poder Legislativo. Nós fomos invadidos na nossa competência, e, como nós fomos invadidos na nossa competência, eu acredito que as coisas não podem se resolver, simplesmente, num toque de mágica, em que alguém apresenta um Requerimento, e, vendo-se com maioria, vai votar esse Requerimento para que o Poder Legislativo tenha que, simplesmente, baixar a sua cabeça e permitir que o Executivo faça tudo a seu bel-prazer.

Eu acredito que as comunidades poderiam ganhar muito mais se, de repente, nós partíssemos para uma negociação. Nós podíamos, aqui, aprovar, até com certa rapidez, um projeto que pudesse ser enviado a esta Casa, para que este Poder não ficasse apequenado, para que a democracia pudesse ser fortalecida, para que nós não precisássemos sair daqui de cabeça baixa, já que somos um dos Poderes da democracia, e, para que, de repente, as comunidades também não ficassem feridas em seu direito.

Eu acho que pode haver uma negociação. Eu acredito que aquelas pessoas...

 

(Manifestações das galerias.)

 

O SR. LUIZ BRAZ: (Dirigindo-se às galerias.) Se é assim que os senhores e as senhoras entendem democracia - eu não a entendo assim - se é assim que os senhores e as senhoras entendem que podem vir aqui e vaiar quem está contrário ao pensamento dos senhores e das senhoras, eu acredito que nós estamos vivendo um momento errado de democracia. Essas pessoas eu não as reconheço, realmente, como válidas dentro da sociedade.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Vereador, o seu tempo está assegurado. Eu solicito, das galerias, silêncio e respeito à palavra do Vereador na tribuna. Por favor, Ver. Luiz Braz, V. Exª tem o tempo para concluir.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu não posso entender que alguém possa preferir viver numa ditadura! Eu não posso entender que as pessoas, quando a ditadura lhes favorece, batam palmas para ela, e quando a ditadura lhes é contrária, aí vêm correndo ao Poder Legislativo pedindo para que o Poder Legislativo interfira. O Poder Legislativo só poderá interferir se ele, como Poder, continuar forte. Se nós destruirmos o Poder Legislativo, se nós ajudarmos o Poder Legislativo a ser destruído por causa de pequenos interesses que estão em jogo agora. Ah, assim, não vamos, realmente, a parte nenhuma!

Agora, vieram aqui defender um interesse. Mas quantos interesses esta Casa discute durante todo o ano, durante todo um mandato? Mas se preferirem, se acharem que devemos viver sob uma ditadura, e nós estamos já tão próximos disso, eu acho que aqueles que realmente lutam por isso já avançaram tanto em direção a esse objetivo que os senhores estão conseguindo. Parabéns! Mas nós vamos continuar lutando para que essa ditadura não se consolide e para que nós possamos derrotá-la em todos os momentos.

(Não revisto pelo orador.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Solicito silêncio nas galerias, por favor. Estou aguardando silêncio.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, nós estamos votando objetivamente um Requerimento que busca dar uma ordem de preferência nas votações que devem ocorrer nesta tarde, aqui na Casa. Eu não tenho a menor dúvida em dizer que sou contrário a essa ordem que está sendo proposta. Eu pensei que o Ver. Renato Guimarães tinha-me convencido de que o primeiro Projeto que nós iríamos votar era o Projeto que envolve essa comunidade que está aqui há mais dias, aguardando uma deliberação da Casa. Percebo que não vão votar; ficam os senhores autorizados até a esperar outra época, porque eu vou declarar sinceramente que vou fazer jogo parlamentar. O que está sendo discutido aqui, hoje, não é simplesmente se o Decreto do Ver. Wilton Araújo é bom ou é mau; discute-se mais. Nós estamos discutindo se esta Casa vai continuar existindo de forma altaneira ou se vai-se dobrar às pressões, as mais legítimas, e dar autoridade para que o Prefeito desta Cidade a governe por decreto. O que nós estamos decidindo é se lei é necessário ou não; se cumprir a lei é obrigação ou não do Prefeito de uma cidade. Se é omissão do Sr. Prefeito, a gente resolve com decretos que podem agradar a alguns agora, no momento, e, amanhã, desagradar a muitos. (Manifestações nas galerias.) Eu posso ser vaiado, Srª Presidente, avise a essas pessoas que eu não sou de me intimidar com vaias, eu sou um homem de posições, sou calejado no Parlamento, não vou escrever na minha biografia essa submissão a interesses isolados e pontuais. Não é a proximidade de uma eleição que vai-me transformar em agradável a quem quer que seja; eu vou continuar com as minhas posições.

Eu sou o Relator dessa matéria; coloquei esse relato que foi vitorioso na Comissão por larga maioria, e não vai ser agora, Ver. Isaac Ainhorn, de afogadilho, até como V. Exª bem acentuou, contrariando as regras tradicionais desta Casa, que se vai formar uma meia-maioria e vai-se tentar “pôr goela abaixo” essa submissão do Poder Legislativo. Comigo não vão contar. No mínimo, se isso acontecer, eu não estarei presente, porque não vou manchar a minha biografia incluindo-me no rol daqueles que estão promovendo esse capitis diminutio do Poder Legislativo.

Fiquem, festejem esse fato com quem vai-lhes aplaudir, grande parte da platéia vai aplaudir sim. Essa grande parte não está levando em conta o interesse bem mais amplo que é a legalidade, o Estado Democrático de Direito. Só o Ver. Carrion tem o direito de vir aqui e dizer que eu sou formalista quando quero que se respeite a Lei; só ao Ver. Carrion eu concedo esse direito, ao meu comunista predileto. Ótimo, o Ver. Carrion acha que o que o Estado faz está feito, e a sociedade não tem o direito de se representar.

Eu tenho a responsabilidade de defender nesta Casa segmentos expressivos da sociedade brasileira que entendem que, fora do Estado de Direito, não há solução, e não vai ser para satisfazer a melhor e a mais legítima das ponderações, das reivindicações, que nós vamos terminar com a capacidade deliberativa desta Casa, dizendo: “Não é mais preciso haver Câmara de Vereadores, o Prefeito decreta, vem aqui o povo, bate palmas, fica feliz, e o Vereador não tem mais nada o que fazer!”

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu solicito silêncio nas galerias.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, eu acho que esta Casa tem de resgatar a sua história. Esta Casa, em vários momentos, já foi responsável pelo tombamento de áreas de importância do ponto de vista histórico e cultural na cidade de Porto Alegre. Hoje o que alguns setores pretendem colocar em votação, de afogadilho, porque há uma maioria transitória neste momento, é uma matéria altamente polêmica. Surpreendeu, na mídia, nesse último fim de semana, a informação de que queriam ver votada essa matéria. Eu acho que cada Vereador tem o direito legítimo de ver votada qualquer matéria. Agora, quem deveria ser o autor da iniciativa é o autor do Decreto Legislativo que quer anular o arbitrário, o autoritário Decreto do Poder Executivo que instalou um desrespeito a esta Casa.

Portanto, eu acho que tem de ser votado; porém, eu quero saber qual é a posição do Ver. Wilton Araújo. V. Exª deseja votar hoje, Ver. Wilton Araújo?

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Wilton Araújo.)

 

O SR. ISAAC AINHORN: Ah! Ele não deseja votar hoje, e ele é o autor da iniciativa. Então, nós vamos aguardar, porque quem quer coibir, conter a arbitrariedade do Poder Executivo é esta Casa. O Parecer da Comissão Especial foi o Parecer aprovado de autoria do Ver. Reginaldo Pujol e que, antes, na questão das Áreas de Interesse Cultural, teve por base um Parecer do douto Procurador desta Casa, Luís Afonso Peres, de quem eu não quero nem discutir a filiação partidária, mas que é um homem de respeito, é homem isento, que, embora seja do Partido do Governo, disse: “Não! Não pode prosperar o Decreto do Chefe do Executivo”. Preservou o Procurador desta Casa as prerrogativas deste Poder. Agora eu observo uma manobra de alguns Vereadores, que eu respeito do ponto de vista parlamentar, de quererem, neste momento, sem consenso, sem entendimento, como diria o Ver. Pedro Américo Leal, de quererem virar o almanaque de cabeça para o ar. Mas não é assim que se fazem as coisas. O Processo Legislativo prospera através de entendimento, de diálogo.

Essa matéria não estava prevista para ser votada. Portanto, a oposição nesta Casa vai assumir o seu papel e, se precisar, vai retirar o quórum - é um processo de autodefesa natural - e não vai votar. E estão criando a ilusão nas pessoas que aqui comparecem que essa matéria vai ser votada. É uma falsa ilusão, pode ter até induzido em erro essas pessoas, porque nós queremos efetivamente votar o Decreto do Ver. Wilton Araújo, mas nós queremos votá-lo com entendimento, porque é uma matéria polêmica, e matéria polêmica se vota com um entendimento entre as partes sobre o que vai ser votado no dia e o que não vai ser votado no dia. O próprio autor da matéria não quer votar hoje, porque não tem os números necessários para ver a sua proposta de Decreto Legislativo aprovada no dia de hoje. Então tem de se preservar a iniciativa do autor. Não é verdade, Verª Cavedon? É assim, não é? Então, é óbvio, Srª Presidenta, que nós vamos fazer isso, respeitando as pessoas que estão aqui.

Engraçado, o segmento que pensa de maneira diferente não foi avisado, na sociedade civil, que é o movimento regras claras, onde ele está? Onde está o movimento regras claras? Onde está? Foi convidado a comparecer no dia de hoje para o confronto no livre debate das idéias, que deve presidir o trabalho deste Legislativo.

Quem derrubou o Mercado do Bom Fim, desrespeitando o patrimônio histórico da cidade de Porto Alegre, chama-se Sr. Raul Pont! E, depois, construiu uma réplica lá!

(Manifestação nas galerias.)

 

Encerro!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana.

Solicito silêncio no plenário, mais uma vez.

 

O SR. BETO MOESCH: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras e diversas comunidades que vêm a esta Casa acompanhar os nossos trabalhos, por que queremos votar esse Projeto de Decreto Legislativo? Primeiro, ele foi aprovado na Comissão do Plano Diretor, e não queríamos que ele fosse votado sem um debate mais aprofundado.

Portanto, o argumento do Ver. Isaac Ainhorn, de que não poderíamos, sem acordo, colocar em votação um Projeto polêmico, não condiz com a verdade, porque ele, como Presidente da Comissão do Plano Diretor, forçou a votação do Projeto de Decreto Legislativo na respectiva Comissão. (Palmas.)

Portanto, com todo o respeito ao Ver. Isaac Ainhorn, há incoerência nos seus argumentos. E, por isso, agora, perdemos na Comissão do Plano Diretor, que açodou a votação do Projeto de Decreto Legislativo, da qual eu deveria ter sido o relator, porque sou Relator desse tema, e o Presidente passou ao Relator-geral, que é o que sintetiza o relatório, que é o Ver. Pujol, e nós, ali, perdemos.

E é por isso que queremos, agora, votar esse Projeto em Plenário, Ver. Luiz Braz, mesmo se nós perdermos. E mais: colocou-se aqui que não poderíamos aceitar pressões; nós temos a obrigação de aceitar pressões quando elas vêm da sociedade. (Palmas.) Essa é a obrigação do Parlamento. Um Parlamento sensível, sim, e acatador das pressões da sociedade organizada, no caso, da principal sociedade, dos moradores da cidade de Porto Alegre, que fazem esta Cidade. Esta Cidade deve ser feita para os seus moradores e, aí sim, é que existe, Ver. Pedro Américo Leal, legitimidade por parte desta Câmara, quando atuamos em favor dos moradores da Cidade, porque é para isso que estamos aqui. Para isso fomos eleitos e é para isso que existe Parlamento: para defender os interesses dos moradores, da população.

Essa comunidade organizada que se constitui hoje, Ver. Sebenelo, na chamada Porto Alegre Vive, em que todos os bairros se uniram em benefício nosso e das futuras gerações. O Movimento está defendendo - mesmo aqueles que são contrários a ele - a qualidade de vida para todos, a defesa do meio ambiente - e inclusive para o provedor, embora ele não saiba -, é para as futuras gerações, é por isso que estamos lutando, para uma Cidade realmente sustentável.

E lamento muito, Ver. Raul Carrion, mas não é o que o Executivo faz na cidade de Porto Alegre. Não é uma Administração sustentável, não! E o conflito foi gerado justamente por um Projeto do Poder Executivo que acabou-se transformando no atual Plano Diretor que cria esse Plano regulador nefasto e que compromete a nossa qualidade de vida. (Palmas.)

E esse Movimento que é organizado, qualificado, estudioso nos traz uma carta aberta em que o § 3º do art. 92 do Plano Diretor dispõe (Lê.): “Na ausência de regime urbanístico específico para as Áreas de Interesse Cultural, o uso e a ocupação serão autorizados desde que demonstradas as condições desejáveis de preservação, através do Estudo de Viabilidade Urbanística”.

O Decreto em questão visa a sustar, mas não legisla sobre o regime urbanístico. Portanto, ele é legítimo, sim, mas norteia o cumprimento do Plano Diretor quando da realização do respectivo Estudo de Viabilidade Urbanística, indicando a observância do estudo realizado pela Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com a Faculdade de Arquitetura Ritter dos Reis. É isso que está em questão: o patrimônio cultural da cidade de Porto Alegre para as presentes e futuras gerações. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Colegas Vereadores e Vereadoras, eu quero dizer que sou um homem de Partido; aliás, sou um homem de um Partido só: o MDB, hoje PMDB. Mas não vou tratar desta matéria aqui como questão partidária, porque eu acho que aqui há uma questão de interesse maior da Cidade. Eu acho, Ver. Isaac, meu colega Líder do Governo, que nós estamos dando um encaminhamento profundamente equivocado nesta matéria. Eu queria a atenção, especialmente dos senhores que conhecem essa matéria; os senhores sabem que a mudança de regime urbanístico só pode ser feita por lei. Isso é o que diz o art. 162 do nosso Plano Diretor. É bem verdade que, se eu partir para o princípio da precaução, em não havendo regime urbanístico, um estudo da Ritter dos Reis, identificando 80 áreas, mostrou que o Prefeito, em cima desse estudo, baixou um Decreto. Se nós aprovarmos ou não aprovarmos, o que acontece é que a cada projeto que entra o Conselho Cultural tem de se manifestar sobre ele, o que está absolutamente correto.

O que eu acho que esta Casa tinha de fazer, Ver. Sebenelo, é aproveitar este debate para forçar, Verª Margarete – e V. Exª é dessa área -, que se faça isso através de lei, e não por decreto. Poderá ser exatamente como está aí no Decreto, como poderá ser com 70 áreas, como poderá ser com 75, como poderá ser com 90, mas tem de ser através de lei, porque há um velho ditado popular que diz: “pela porteira por onde passa um boi, passa uma boiada”. Então, se eu tenho competência, e lá diz que eu só posso mudar por lei, se eu permito o decreto-lei, conseqüentemente eu estou abrindo uma porteira para que outras coisas possam acontecer.

Eu quero relembrar aqui - porque nós que militamos não podemos ter memória curta - aos meus amigos do bairro Tristeza sabem que esta Casa, por exemplo, autorizou a construção de três torres - na minha avaliação, profundamente equivocada -, num equívoco que o Executivo tinha feito. E esta Casa, por maioria esmagadora de votos, contra o meu voto e o do Ver. Beto Moesch, aprovou. Então, se eu fosse falar de casuísmo aqui nesta tribuna, isso daria uma enciclopédia, isso daria um tratado. Para cada tarde eu arrumo um discurso. Eu não sou melhor que ninguém, mas eu tenho procurado me pautar. Se formos votar essa matéria, hoje, eu quero dizer que vou votar para derrubá-la. Agora, acho que está equivocado votar, sabe por quê, Ver. Pestana? Nós criamos uma Comissão Especial e cujas razões não dá tempo para explicar, a verdade é que ela não funcionou para revisar o Plano Diretor. Não culpem apenas esta Casa, porque também a maioria das matérias que deveriam vir do Executivo, não vieram, porque não há interesse também em mandá-las. Isso tem de se deixar claro. Agora, quando faltam 20 dias para as eleições, vão querer votar matéria de Plano Diretor? Matéria complexa desse jeito? Eu acho profundamente equivocado. Querem votar? Vamos votar. Eu estarei aqui, vou votar, mas voto deixando muito claro e muito registrado que eu não concordo com essa tese de o Executivo fazer decreto. Porque se eu concordar com essa tese, eu estarei concordando, amanhã, com que ele faça qualquer mudança de regime urbanístico por decreto, o que não está correto.

Então, o que nós deveríamos fazer, Ver. Isaac, Presidente da Comissão do Plano Diretor, é aproveitar esse estudo da Ritter dos Reis, chamar a comunidade, chamar as faculdades, não só a Ritter dos Reis, e produzir uma legislação, Ver. Beto Moesch, consolidar uma legislação, porque aprovar ou não aprovar esse Decreto Legislativo, derrubá-lo ou não, isso o Conselho Municipal da questão histórica vai ter de analisar.

Portanto, o eixo da discussão está muito no emocional e está pouco no racional. Então, o melhor caminho é que terminando o processo eleitoral, seja constituída uma Comissão com técnicos que irão sentar e analisar. Eu sou Relator, por exemplo, do Estatuto da Cidade. Eu me nego a dar um parecer de uma matéria dessas, sem aprofundamento. Como esta Casa não ofereceu até agora as condições, eu quero dizer que se não oferecer, terminando a Comissão, eu não vou dar parecer, porque eu não vou botar a minha assinatura em cima do que eu não tiver o aprofundamento e a discussão. Agora, querem votar? Vamos votar, mas com essa condição: acho que está errado o eixo, acho que está equivocado, porque, na verdade, o que se precisa é fazer uma legislação, consolidar, até podem aproveitar este próprio Decreto que está aí. Agora, concordar com o Decreto? Não. Por quê? Porque, senão, estou concordando que outras alterações que poderão ser feitas; hoje, pode ser que as pessoas que estão aqui aplaudam o Decreto, mas, amanhã, pode ser outro decreto que os senhores mesmos venham a dizer: “Esse decreto não dá, porque esse, agora, não está correto”.

Portanto, eu não posso ter um discurso lá atrás, um discurso agora e outro lá para frente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exma Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, assistência que permanece aqui - e que bom que esteja sempre aqui -, e aqueles que nos assistem pelo Canal 16. A discussão agora é se devemos ou não priorizar a votação do Projeto de Decreto Legislativo, de minha autoria, que susta os efeitos de um Decreto do Sr. Prefeito Municipal. Eu concordo, em parte, com os argumentos do Ver. Sebastião Melo, que se houve muito bem nesta tribuna, e também com os do Ver. Beto Moesch: Porto Alegre precisa ter, sim, uma legislação que preserve os bens culturais desta Cidade. Ela precisa ter uma legislação, porque isso é muito sério, pois a Cidade deve se precaver contra a demolição desses patrimônios raros nesta nossa Cidade. Nós propugnamos por isso e o Ver. Beto Moesch também. O Ver. Beto Moesch disse uma frase que me marcou bastante aqui, quando se diz que, sim, o Prefeito, o Executivo, equivocadamente, de uma forma autoritária, sem estar pensando no conjunto da sociedade, sem estar pensando em um futuro perene, sólido, que nós queremos, manda fazer um estudo e passa, a partir desse estudo, a usá-lo; todos os projetos a serem analisados devem passar por esse estudo, mas não conta para ninguém. Depois, ele, por força da pressão social, por força de uma ação na Justiça – que também faz parte de todo esse arcabouço de situações –, edita um decreto.

Mas, Ver. Beto Moesch, V. Exª, que é Advogado - eu sou somente Engenheiro, ex-Secretário de Obras, mas tenho responsabilidades em função disso -, sabe que um decreto é para regulamentar uma lei, é para dar as minúcias, para dar o caminho burocrático da lei; o decreto jamais pode ir de encontro à lei, ou, se ela não existe, estabelecer como se ela fosse.

E esta Casa tem, sim, essa preocupação, pois, no início desta discussão, a Procuradoria desta Casa, isenta de matizes partidários, disse que este Decreto era ilegal! E, com base nesse Parecer, nós apresentamos o Projeto de Decreto Legislativo.

E, para resgatar, houve época em que essa sociedade era dirigida, objetiva e claramente, por uma ou duas pessoas. Hoje, parece que nós esquecemos disso. Parece que nós lutamos tantos anos para ter novamente a lei, para ter novamente a garantia do cidadão, para ter novamente os direitos individuais. Eu vejo tantas pessoas que lutaram, que vieram para esta briga e, hoje, estão esquecidas disso. Essas pessoas esqueceram que, primeiro, faz-se um decreto e, depois, faz-se outras coisas. Sem a lei, ou ao arrepio dela, isso é muito perigoso.

Nós estamos aqui para fiscalizar e salvaguardar os direitos de todos nós, de toda a sociedade. E é esta a nossa tarefa.

Por isso, é necessário aprofundar a discussão, abrir o leque, para que toda a sociedade, por meio de uma lei, possa manifestar-se. E, somente por meio dessa lei, terá uma regra objetiva, clara, sincera. Ela pode não ser perfeita, mas será aquilo que a Câmara poderá disponibilizar aos seus cidadãos. Por isso, parece-me que hoje é o caminho que nós vamos dar para a sociedade de Porto Alegre: isso é tão importante que nós devemos aprofundar a discussão, sim. Por isso, eu, como autor do Projeto de Decreto Legislativo, Relator da Comissão de Avaliação do Plano Diretor e ex-Secretário de Obras, tenho, sim, a responsabilidade de dizer: ou se tem lei, ou não se tem sociedade digna nesta Cidade.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de sua autoria.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Verª Margarete Moraes, Presidente desta Casa, demais Vereadores e Vereadoras, estava ouvindo algumas manifestações desta tribuna e, evidentemente, algumas perguntas são necessárias: se o objetivo não era votar o Decreto Legislativo, por que foi aprovado daquela forma tão açodada, tão rápida, tão apressada na Comissão do Plano Diretor? Por que aquela pressa, quando vários Vereadores que estavam presentes na Comissão questionavam a necessidade de nós, no mínimo, debatermos melhor aquela questão? Pois bem, os que ontem tinham pressa, hoje acham que esse tema pode ser discutido mais à frente. Talvez porque a relação do Plenário tenha mudado. Também me pergunto: por que a preocupação com a ilegalidade se o Judiciário já se manifestou sobre ela e declarou que o estudo dá condições legais? E se, eventualmente, alguém ou algum empreendedor se sente prejudicado pelo Decreto do Prefeito, o Decreto do nosso Governo, que recorra à Justiça, que é o caminho democrático para dirimir esses litígios. Pois esse caminho já foi percorrido e foram derrotados os que o fizeram.

Então, o problema também não é a legalidade, porque do ponto de vista legal esse estudo tem guarida no Judiciário. E não é um ou outro Vereador, desta tribuna, que vai dizer que as ações do Executivo, as ações do nosso Governo não são legais.

A terceira questão que eu queria colocar, também muito interessante, por que as pessoas não entram no mérito da questão? Qual é, efetivamente, a opinião de alguns Parlamentares sobre o mérito dessa questão. Eles são a favor ou são contra as áreas? Eu tenho um Partido, há uma Frente, há um Governo que tem uma opinião sobre isso. Eu pergunto quantos têm essa situação aqui neste plenário? Qual é efetivamente a opinião, para além daquela conversa de quererem adiar? Ora há pressa quando convém, quando possuem maioria na Comissão do Plano Diretor; ora não há mais pressa, a famosa ilegalidade pode esperar, podemos aguardar para depois da eleição.

A nossa opinião, a opinião do meu Partido, da Frente Popular, pode ser dita agora: não precisamos esperar pelo dia 3 de outubro, nós somos a favor do estudo. Nós vamos defender o estudo. Nós éramos contra esse Decreto Legislativo. Nós temos lado nessa luta. Agora, não podemos, em nenhum momento, mascarar essa discussão. Temos de tratá-la de frente, olhando nos olhos das pessoas. Muito se questionou o porquê de o Executivo, até agora, não ter mandado o Projeto de Lei. Mas, estranhamente, o que hoje dá guarida ao estudo está tentando ser desconstituído por meio de um Decreto Legislativo pelos mesmos que reclamam que o Executivo não mandou o Projeto de Lei! Então há uma contradição entre o discurso de alguns e seu voto aqui no plenário. (Palmas.)

Eu queria fazer um apelo a esta Casa, que é tão zelosa na sua autonomia, tão zelosa em demonstrar para a população que efetivamente tem um trabalho a ser realizado e tem compromisso com a cidade de Porto Alegre, vamos, sim, votar agora este Decreto; vamos, sim, demonstrar para essa população qual é a nossa posição, qual é o nosso lado e qual é o tipo de cidade que queremos construir. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana.

 

O SR. RAUL CARRION: Exma Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, demais Vereadores e Vereadoras, todos aqueles que nos assistem, especialmente a comunidade mobilizada com a sua presença, com a sua garra, que está – digamos assim –, mudando a correlação de forças nesta tarde, nesta Casa. Queria dizer que a nossa Bancada, junto com a do PT e outras Bancadas, Ver. Beto Moesch, achamos que é hora de votar. É hoje! (Palmas.) Quero lembrar que na reunião da Comissão Especial do Plano Diretor eu usei da palavra e disse o seguinte: “Nesses projetos polêmicos, a gente procura negociar, encontrar um meio termo: cede daqui, cede dali”. Porque eu não acredito, Ver. Sebastião, que os empresários da construção civil querem a lei da selva; não acredito! Eles podem ter alguma discordância, mas vamos negociar! Qual foi a resposta na reunião? “Vota logo!” Porque na Comissão havia correlação de forças. Lembrei naquele dia que o Ver. Isaac chegou a fazer um sinal ao Ver. Cassiá para que não se inscrevesse; o Ver. Cassiá, depois, usou da palavra, deu a sua opinião. Agora, vem com essa cantilena: “Vamos negociar, vamos deixar para depois da eleição!” Mas, por que depois da eleição? Então, essa é uma questão eleitoreira? O problema é eleitoral ou é de interesse desta Cidade?

Outra coisa: eu estava lendo o documento da comunidade e examinando o Plano Diretor, o art. 92 dispõe (Lê.): “As Áreas de Interesse Cultural são áreas que apresentam ocorrência de Patrimônio Cultural que deve ser preservado a fim de evitar a perda ou o desaparecimento...“ E vejam bem, § 1º (Lê.): “As Áreas Funcionais de Interesse Paisagístico e Cultural identificadas na Lei Complementar nº 43, de 21 de julho de 1979, são incorporadas a esta Lei,...” Então, minha gente, como que é novidade? Já, em 1979, era preservado, e agora, está incorporado! E mais, § 2º (Lê.): “A preservação de Áreas, Lugares e Unidades far-se-á pela definição de regime urbanístico específico, por tombamento e inventário”. Tombamento não precisa lei; inventário não precisa lei, o único que precisaria seria o regime urbanístico. O § 3º diz o seguinte (Lê.): “Na ausência do regime urbanístico específico para as Áreas de Interesse Cultural, o uso e a ocupação serão autorizados desde que demonstradas as condições desejáveis de preservação, através do Estudo de Viabilidade Urbanística”.

Portanto, o que a Prefeitura está fazendo, visando à preservação, no meu entender, está dentro do que o Plano Diretor reza. E a Justiça já disse isso. E mais - quero me apoiar no documento da comunidade -, a soma dessas áreas não ultrapassa 6%; restam 94% para construir! Não vamos preservar nossa cultura? Então, preocupa-me a colocação do Ver. Pujol no sentido de que, se for votado, ele sairá. Será que vão retirar o quórum? Porque não há voto para vencer. Agora, quem retirar o quórum estará fazendo o mesmo que votar contra, e também vai estar prejudicando os taxistas da Lomba do Pinheiro.

Então, eu faço um chamamento, Ver. Sebastião: vamos votar. Quem ganhar, ganhou; quem perder, perdeu. É a democracia, não vamos retirar o quórum, não!

Para concluir, eu queria dizer para o Ver. Pujol - quando falou que aceitar o Decreto do Legislativo é para o Estado onipotente -, que a Câmara também faz parte do Estado. O Estado não é só o Executivo, o Estado é o Executivo, é o Legislativo e é o Judiciário. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Sebastião Melo, o Requerimento s/nº, de autoria do Ver. Carlos Pestana. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 17 votos SIM.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3047/04 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N.º 005/04, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que susta o Decreto n.º 14.530, de 14 de abril de 2004, que dispõe sobre as Áreas de Interesse Cultural previstas no art. 92 do PDDUA, explicita parâmetros para aprovação de projetos nas respectivas áreas, bem como dá outras providências.

 

Parecer:

- da Comissão Especial. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 06-09-04.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em discussão o PDL nº 005/04. (Pausa.)

Há um Requerimento do Ver. Wilton Araújo solicitando que seja adiada a discussão do PDL nº 005/04 por cinco Sessões. Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, colegas Vereadores, colegas Vereadoras, senhoras e senhores, é uma regra regimental, e qualquer Vereador tem o direito de pedir, nesta Casa, o adiamento de discussão, e é o que está acontecendo neste momento.

Mas eu quero voltar ao tema central, porém, antes, eu quero colocar algumas preliminares, porque eu vi, aqui, especialmente da Bancada do Governo, um discurso muito entusiasmado. Eu queria que a Bancada do Governo tivesse tido a mesma coerência quando votou, por exemplo, a autorização da construção das três torres, no bairro Tristeza. Lá, a Bancada do Governo não teve a mesma coerência para preservar uma Área de Interesse Especial, porque lá interessava a eles; com a mão direita autorizaram, com a mão esquerda desautorizaram, e quando veio para esta Casa a Bancada votou em peso.

Então "vamos devagar com o andor porque o santo é de barro”, senão parece que tem alguém aqui que é dono da coerência, e isso não é verdade!

Agora, o pano de fundo dessa matéria - eu me dirijo especialmente aos senhores que conhecem -, e nós estamos discutindo aqui, o quanto foi mal concebido o Plano de 1999, teve, como eixo dominante, o chamado eixo econômico. E um Plano Diretor não pode se balizar, numa cidade, meramente pelas questões econômicas; elas também têm de ser consideradas.

Eu acho que a nossa posição, Ver. Beto Moesch, que estamos no campo da oposição, é de derrubar, sim, o Decreto do Ver. Wilton Araújo, mas eu quero que o Líder do Governo assuma qual é o prazo necessário para que ele elabore uma legislação para que esta Casa possa discutir e aprovar essa legislação. Eu acho que é isso também que os senhores pensam, porque não adianta nós, aqui, derrubarmos o Decreto Legislativo, e daqui a dois anos nós estarmos discutindo isso novamente.

Eu quero essa mesma clareza do Líder do Governo, que é um homem sério, para que - nós vamos votar isso, sim -, daqui até o final do ano, vamos elaborar uma proposta, discutida com a sociedade, com as organizações não-governamentais, com o Conselho do Plano Diretor, com a Comissão desta Casa, Ver. Cassiá, e vamos ampliar esse debate, Verª Margarete. Eu apelo a V. Exª, que conhece muito bem essa área.

Podem-se basear no próprio estudo da Ritter dos Reis; não há problema nenhum. Na minha avaliação, Ver. Sebenelo, isso seria o avanço que nós poderíamos tirar dessa discussão. Senão, Ver. Elias Vidal, nós vamos discutir, vamos votar, e deixar. Não, o Decreto não é bom, quem conhece o Decreto sabe que ele possui equívocos; então, fica difícil sustentar o Decreto como ele está. Agora, o que se pode dizer é: "Mantém-se o Decreto até se construir uma legislação". (Palmas.) Que se estabeleça um prazo para isso.

Portanto, eu quero dizer que nós temos opinião sobre essa matéria. O meu Partido me indicou para fazer parte do Plano Diretor; tenho procurado estar nesta Casa em todas as Sessões. No dia em que se votou aquela matéria, eu não estava aqui, porque estava no Fórum Central, numa audiência, perfeitamente justificável nesta Casa, mas eu tenho opinião sobre isso. Nós temos opinião sobre isso; a nossa Bancada pode até estar dividida sobre isso, mas eu tenho a minha opinião a respeito.

Eu acho que uma cidade que se preza – e Porto Alegre é uma cidade que se preza – tem de ter a sua preservação ambiental, sim, com muito carinho. Isso independe do Partido que a governe. Esta Cidade é maior que um Partido; ela não pertence a um Partido, pertence ao conjunto, à pluralidade de pessoas que pensam diferentemente e que fizeram desta Cidade uma grande Cidade!

Portanto, aqui eu não vou tratar dessa questão de forma partidária: porque eu sou da oposição, eu voto assim; porque eu sou da situação... Não! Há um fulcro maior que é o interesse da Cidade. É claro que a construção civil, que contribui com 18% do PIB brasileiro na sua cadeia produtiva, tem um papel importante, e ninguém quer tirar esse papel dela. Ninguém deve tirar!

Eu não posso é entregar, sem ter uma legislação, para fazer o que quiser - isso eu não posso fazer, Ver. Sebenelo. Por isso é que eu volto a dizer, acho que é um bom senso: vamos construir um prazo, vamos manter este Decreto, mas vamos dar um prazo, Ver. Pestana, para que se construa uma legislação, onde haja negociações - sim, Ver. Carrion -; negociações tranqüilas. Ninguém quer paralisar esta Cidade; não pode, não deve.

Por isso, eu acho que nós deveríamos, Ver. Wilton, tirar deste debate, pois o debate sempre se qualifica quando se faz em alto nível, quando se diverge em idéias, e não pessoalmente. Eu acho que esta é a lição e o resultante que poderiam brotar desta discussão na tarde de hoje. Muito obrigado, Srª Presidenta.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que solicita o adiamento da discussão, por cinco Sessões, do PDL nº 005/04.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidente, Srs. Vereadores, ilustres visitantes, eu lembrava, há pouco, algumas das insanidades que foram perpetradas nesta Cidade exatamente por falta de legislação, ou por burla da legislação, e omissão nossa. Se eu dissesse para vocês que estou fazendo um projeto, propondo fazer uma grande lixeira no Parque da Redenção, vocês diriam que eu sou um Vereador completamente doido. Claro que essa é uma área preservada, intocável e que não se pode fazer esse tipo de projeto. Mas o Morro da Extrema, lá na Zona Sul, era intocável, preservado, uma reserva biológica, e lá fizemos uma lixeira. "Ah, um aterro, um aterro sanitário?" Sim, fez-se, mas filmou-se também o chorume passando pelo Manecão e indo para o Guaíba. "Ah, mas a praia está despoluída!" Não, não estava despoluída.

Então, as leis são indispensáveis e necessárias exatamente para não cometer esse tipo de insanidade. Há uma insanidade maior, inclusive aprovada por esta Casa, numa tarde em que não estava planejada a realização de Sessão Plenária, porque era aniversário da Casa. Nós íamos fazer um discurso lá no Largo Glênio Peres. Caiu o maior toró da história de Porto Alegre, suspendeu-se a Sessão e voltamos para cá. Às 16 horas, eu fui para Brasília - eu havia marcado a viagem para aquele dia, porque nós teríamos uma festa aqui na Câmara, com coquetel, com tudo, na época, e não haveria Sessão. Pois foi convocada uma Sessão Extraordinária, e sabem o que aconteceu? Votaram, aqui nesta Casa, o Projeto Hermes, que foi uma das grandes agressões ao meio ambiente de Porto Alegre. Assim como eu quero alertar a vocês que existe a ameaça de passar a Rua Anita Garibaldi por dentro do Country Club, matando os últimos pontos de mata virgem da Mata Atlântica nativa que há ali. Observem que em todas as cidades do mundo, em todas as estradas do Rio Grande do Sul, no Brasil inteiro, quando há uma figueira no caminho, eles desviam para não matar a figueira. Por que não desviar do Country Club, para não matar uma floresta virgem maravilhosa que há ali? Há uma reserva biológica fantástica ali. Depois de nós matarmos a reserva biológica, que hoje é o Projeto Hermes, já existe gente imaginando mais essa insanidade.

Então, nós precisamos estar vigilantes, que é o que vocês estão fazendo hoje! Eu sou contra qualquer decreto. Sempre lutei muito pela autoridade e pelo direito desta Casa, que este Poder Legislativo tem, claro que ele tem, mas nós não podemos facilitar em relação às nossas áreas culturais, não podemos ceder um milímetro. E se nós tivermos oportunidade, aqui e agora, de matar essa questão... Claro que vamos deixar para depois fazer um Projeto. Mas que Projeto que nós vamos fazer? Nós vamos fazer um Projeto que garanta a inalienabilidade da nossa reserva cultural. O nosso acervo é intocável, e se não houver uma lei que diga isso explicitamente, que determine que não se pode mexer, então, nós não podemos estar mais aqui nesta Casa! (Palmas.) Nós temos de ir embora. E é isso que se está discutindo: a incompetência do Plano Diretor, sim; a insuficiência do Plano Diretor, sim, o encaminhamento errado e incompetente do Plano Diretor, claro! Mas, agora, neste instante, se nós tivermos qualquer arma, qualquer bala na agulha para utilizar, vamos utilizá-la, mesmo que isso possa parecer que o Executivo esteja passando por cima do Legislativo, não importa. Há um imperativo maior que é o interesse da população que não pode ser sobreposto por interesses de segmentos ou de outros Poderes em cima do Poder Legislativo. (Palmas.) Não vamos pagar esse tipo de preço de abrir mão da nossa reserva cultural, da nossa reserva histórica de Porto Alegre. Não vamos abrir mão disso! E fiquem todos certos de que esta Câmara não vai abrir mão e a resposta vai ser positiva. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que solicita o adiamento da discussão, por cinco Sessões, do PDL nº 005/04.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, Srs. Vereadores, eu acho que no curso do final do ano passado, início deste ano, tivemos diversas conversações, debates, discussões, sobre a polêmica questão das Áreas de Interesse Cultural da cidade de Porto Alegre. É fundamental que essa questão seja bem delimitada, Ver. Gerson Almeida, porque eu acho que esta Casa tem uma visão culturalista, na maioria da sua composição. Nós temos de, sobre a matéria, fazer uma lei. Por isso anda bem o Ver. Wilton Araújo quando apresenta um Decreto Legislativo anulando o arbitrário, o prepotente Decreto do Executivo, que desrespeita, por completo, Ver. Wilton Araújo, as prerrogativas e a soberania desta Casa. Às vezes a população pode não entender o que está acontecendo. E é importante definir e explicar para a população que nos assiste, pela TV, e que comparece a esta Casa, todos sabem que vivemos num período pré-eleitoral e que no período pré-eleitoral a Casa tem uma vida atípica. E com relação a este Projeto das Áreas de Preservação de Interesse Cultural, a matéria é extremamente polêmica, porque nós sustentamos a importância da definição das Áreas Especiais de Interesse Cultural. Mas essas áreas, Vereador, não podem ser estabelecidas por um Decreto, tem de ser estabelecidas por lei. Por isso que V. Exª luta pela anulação do Decreto do Poder Executivo. Perguntam: mas quem quer votar o Decreto do Ver. Wilton Araújo é o PT? Mas, como? Então, vamos votar. Não. Votá-lo sem avisar, à socapa, não.

Então, o Governo quer, neste momento em que a oposição está em minoria na Casa, votar o Decreto do Ver. Wilton Araújo. E não pensem que é para aprovar o Decreto! O Ver. Carlos Pestana - este moço que há pouco tempo está aqui, mas que se tornou um jovem articulador das intrincadas questões do cotidiano, da elaboração parlamentar - quer derrotar o Decreto Legislativo do Ver. Wilton Araújo, porque este porá ordem na casa, na relação entre os Poderes Executivo e Legislativo.

Eles querem é legislar e isso é legal. O Governo Federal tem a Medida Provisória! Imaginem nas mãos da patrulha petista uma Medida Provisória para fazer leis! Acho que Porto Alegre já seria campeã das Medidas Provisórias. Mas não pode!

Eles gostam tanto da prepotência, que o Executivo adotou o decreto, que este Legislativo quer revogar, porque é ilegal. Há dois Pareceres aprovados por esta Casa - o Parecer da Procuradoria e o Parecer do Ver. Reginaldo Pujol – no âmbito da Comissão Especial, e mesmo assim pretendem votar à socapa hoje.

Por isso, razão assiste a V. Exª, Ver. Wilton Araújo, autor do Decreto do Legislativo, e faz bem quando pede o adiamento da votação. Através do adiamento, de alguma forma, a oposição conseguirá não votar isso hoje, e se quiserem votar amanhã, vamos votar amanhã, ou na semana que vem. (Manifestação nas galerias.) Não, hoje não vão levar. Hoje não vão levar! Não vamos votar por decisão democrática desta Casa. A Verª Maristela Maffei sabe que nós não vamos votar. Ela é inteligente, preparada e perspicaz. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, que solicita adiamento da discussão, por cinco Sessões, do PDL nº 005/04.

 

O SR. BETO MOESCH: Srª Presidenta, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Ver. Wilton Araújo, o assunto que mais deveria ser discutido e debatido nesta Cidade é o Plano Diretor. Não há nada mais importante que um Plano Diretor para uma Cidade, absolutamente nada! Vejam, por exemplo, o que diz a nossa Lei Orgânica: que temos a obrigação, ao jurarmos por ela, de respeitá-la, quando assumimos nesta Câmara. Artigo 212 (Lê.) “O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano é peça fundamental da gestão do Município e tem por objetivo definir diretrizes para a execução de programas que visem à redução da segregação das funções urbanas e ao acesso da população ao solo, à habitação e aos serviços públicos, observados os seguintes princípios: I - determinação dos limites físicos, em todo o território municipal, das áreas urbanas, de expansão urbana e rurais” - rurais, Ver. Dib, que nos tiraram - “e das reservas ambientais” - Ver. Pedro Américo Leal, as reservas ambientais da Lei Orgânica estão acabando - “com as seguintes medidas: a) delimitação das áreas impróprias à ocupação urbana, por suas características geológicas;” - não foi feito nenhum estudo geológico até hoje nesta Cidade, embora a Lei Orgânica obrigue a isso!

Portanto o Plano Diretor nem deveria ter sido votado por esta Casa, porque nenhum estudo geológico foi feito, determinado pela Lei Orgânica que está acima do Plano Diretor. "b) Delimitação das áreas de preservação ambiental"; - onde estão as delimitações das áreas de preservação ambiental da cidade de Porto Alegre como determina a Lei Orgânica do Município no seu art. 212? Não poderíamos, sequer, ter votado a aprovação do Plano Diretor sem isso; muito menos executá-lo, como está sendo feito. Só poderíamos executar o Plano Diretor, na sua totalidade, respeitados esses princípios: a delimitação das Áreas de Interesse Cultural, e Natural; os estudos geológicos. E nós estamos discutindo apenas uma parte disso, ao menos isso, que é o patrimônio cultural, que mesmo de forma precária, tem alguma coisa. Portanto, o que deve fazer esta Câmara é exigir do Poder Executivo projetos de lei regulamentando o Plano Diretor. Mas não acabar com algo que existe, como o Decreto, que, mesmo que precário, resguarda alguma coisa dos princípios da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (Palmas.)

E o que diz o Plano Diretor? Vejam: das Áreas Especiais de Interesse Ambiental; dividida em duas, das Áreas de Proteção do Ambiente Natural, de que não foi feito sequer estudo sobre isso, e que está previsto na Lei Orgânica, e das Áreas de Interesse Cultural, que nós estamos debatendo especificamente. E aí diz: “As Áreas de Interesse Cultural são áreas que apresentam ocorrência do Patrimônio Cultural que deve ser preservado a fim de evitar a perda ou o desaparecimento das características que lhes conferem peculiaridade”. Mal ou bem a Faculdade Ritter dos Reis apresentou isso, que está no art. 92 do Plano Diretor, respeitando os princípios da Lei Orgânica.

Eu estou fundamentando, Ver. Luiz Braz, juridicamente, apenas juridicamente, que nós temos de derrubar o Decreto Legislativo do Ver. Wilton Araújo e exigir do Executivo a apresentação de projetos de lei regulamentando as Áreas do Patrimônio Cultural, regulamentando as Áreas do Patrimônio Natural e assim por diante. Ou congela tudo ou pára tudo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de sua autoria, solicitando o adiamento da discussão, por cinco Sessões, do PDL nº 005/04.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, e aqueles que nos acompanham na assistência e pelo Canal 16. Não vou ser repetitivo, mas este Requerimento de minha autoria, que solicita o adiamento da discussão desta matéria por cinco Sessões dá-se pelo fato de eu me preocupar muito com que esta matéria seja exaustivamente discutida, conversada e, assim, garantidos os direitos da cidade de Porto Alegre. Nos encaminhamento que aqui foram feitos, surgiu a tese do Ver. Cláudio Sebenelo - ora legalista, ora não -, tese esta que nos serve. A tese do Ver. Sebenelo é de que a Cidade não pode ficar sem uma estrutura que resguarde o seu patrimônio histórico. Concordo em número, gênero e grau com a tese dele. Mas ele vai além, com o que concorda o Ver. Sebastião Melo também, de que deveria o Prefeito Municipal e o Executivo - que é quem está devendo à população de Porto Alegre, por mais de três anos e meio - elaborem um projeto de lei que regulamente a questão. Criou um monstro que não tem pés nem cabeça por intermédio de um Decreto, que tenta legalizar um estudo da Faculdade Ritter dos Reis, que pouca gente conhece nesta Cidade. Esse estudo e essa tese nos servem. Como é que o Executivo vai garantir, fazer em dias ou meses aquilo que não fez em quatro anos? Qual é a garantia que a Casa de Porto Alegre terá, sendo que está sendo atropelada pelo Executivo, pelo Sr. Prefeito, através de um decreto ilegal, inorgânico e inconstitucional?! E o Ver. Cláudio Sebenelo sabe disso, mas ele é médico, não tem compromisso com esse tipo de coisa. Mas a tese é: de que forma nós vamos garantir que o Executivo vá fazer? Quem sugeriu isso vai me dizer de que forma: o Ver. Cláudio Sebenelo e o Ver. Sebastião Melo. Como é que o Executivo vai garantir isso? Silêncio se faz. Faz-se silêncio, por quê? Porque o Executivo não quer garantir isso, porque o Executivo não fez o Projeto de Lei! Porque o Executivo não quer dar garantias reais para a cidade de Porto Alegre se resguardar dos seus patrimônios históricos e culturais! Essa é a verdade! Se assim entendesse e se assim quisesse, teve quatro anos para mandar para a Casa. Não o fez. Não o fez, porque não queria, está, assim, “barrigando”, levando com a barriga, protelando isso. Por quê? Quais são as razões que o Executivo tem para não mandar o Projeto de Lei? Também faz-se silêncio!

Mas eu dizia que essa tese de garantir que o Executivo vai trazer a Lei a esta Casa é boa. E, exatamente por essa tese e com esses argumentos, é que nós pedimos o adiamento por cinco Sessões. É o tempo suficiente para que, se o Executivo quiser mandar algo que em quatro anos não fez, em cinco Sessões, poderá fazê-lo. E aí, nós vamos, imediatamente, chegado o Projeto nesta Casa, retirar o Projeto de Decreto Legislativo. E, imediatamente; é compromisso desta tribuna! E eu não vi nenhum governista, nenhum petista vir dizer isto aqui, porque não tem compromisso com a sociedade! Eu tenho! Se mandarem o Projeto ou a lei para cá, eu retiro o PDL no mesmo instante! Quero ver eles dizerem a mesma coisa! Há cinco Sessões para eu saber se o Prefeito quer isso ou não, ou se ele somente quer enganar vocês. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento do Ver. Wilton Araújo, que solicita o adiamento da discussão, por cinco Sessões, do PDL nº 005/04.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Srª Presidente, Srs. Vereadores, o encaminhamento da Bancada do Partido dos Trabalhadores é pela votação do PDL nº 005/04 nesta Sessão.

Nós não poderíamos deixar de esclarecer qual a posição do Executivo e da Bancada da Frente Popular com relação a esse tema, porque nós não somos daqueles Vereadores que acham que, a cada momento, há um lado com 100% de razão e outro lado que esteja 100% errado. Realmente, essa é uma questão complexa e difícil. No entanto, não há porque tergiversarmos sobre o mérito da matéria.

O processo de construção da Cidade é de longo curso. E, com o segundo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, nós demos passos importantes no avanço da construção da regulação da Cidade. Foram passos muito importantes. E, talvez, o mais importante desses passos tenha sido o de, pela primeira vez na história, abrir para as comunidades organizadas um espaço permanente, institucional, para discussão, nas regiões do Orçamento, para que, de fato, a questão do Plano Diretor deixe de ser uma caixa preta, como historicamente foi: uma coisa restrita; o império do saber técnico especializado. A construção da Cidade é, também, dos técnicos especializados, dos urbanistas, e de outras áreas, mas ela é, sobretudo, a construção de consensos possíveis com a sociedade que nela vive. E é por isso que o Plano foi sábio, também, ao definir que, em cinco anos, ele deveria ser rediscutido. Porque, há cinco anos, apesar de dois Congressos da Cidade e centenas de reuniões, ainda foram poucas as comunidades organizadas que conseguiram se articular e se apropriar desse debate ao longo daquele processo. Ainda foi um processo muito marcado por aqueles setores que, tradicionalmente, tem no seu métier discutir urbanismo.

Pois, cinco anos depois nós vemos o debate pulsar não só na galeria da Câmara de Vereadores, mas nas ruas e nos bairros da Cidade, que começam, pela primeira vez na história, a discutir o hoje, o daqui a dez anos e os 20 anos à frente. Isso é sustentabilidade, é quando a população começa a assumir as decisões e a projetar a Cidade que quer, algo que há 15 anos é feito na questão do Orçamento, isso é sustentabilidade.

Mas por que o Executivo não mandou antes? Essa é a pergunta que tem sido feita há muito tempo. Há muitas respostas possíveis para isso. Entre as muitas, há a de que normas e leis votadas, que dão três ou seis meses para definir questões estratégicas da Cidade, são feitas para que aqueles que já dominam e têm o controle da situação continuem tendo o controle da situação e para que não se abra o debate, de fato, com a Cidade. Cobrar que em 90 dias se tenha o mapa de áreas de preservação cultural é algo que beira a demagogia, e o Executivo não iria fazer isso, porque nós somos conhecidos na Cidade, temos muitos erros e defeitos, mas entre eles não está o de não ser claro naquilo que nós achamos que é correto.

Mas dizer que não há mapa do ambiente natural da Cidade é mais do que demagogia! Vejam, senhoras e senhores, o Atlas Ambiental de Porto Alegre tem estudos minuciosos sobre o mapa da vegetação natural de Porto Alegre. (Mostra o Atlas.) Áreas de identificação de bugio-ruivo; a única metrópole que ainda tem área de preservação desse elemento, isso deve ser preservado. (Palmas.)

As áreas de conservação ambiental, as oito unidades de conservação ambiental. Não há mapa de risco geológico? Pelo amor de Deus! Está aqui o mapa de risco geológico de toda a Cidade; áreas de risco, mapa das áreas verdes. (Mostra o Atlas.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, senhores; está assegurada a palavra ao nosso orador.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Aqui está um estudo detalhado.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Beto Moesch.)

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Vereador, por favor, eu respeito a sua palavra, eu me disponho a fazer o debate com V. Exª em qualquer nível, mas V. Exª fala, eu escuto; eu falo, V. Exª escuta.

E aqui está a demonstração fática: as áreas de risco geológico, identificadas uma a uma. Este Atlas tem o mais minucioso histórico da construção geológica da cidade de Porto Alegre. E dizem que não há lei! Mas, convenhamos, Vereador, nós todos sabemos aqui...

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por Favor, Ver. Gerson Almeida, para concluir!

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Esses estudos são os estudos que organizam todo o licenciamento da Cidade, porque não é verdade dizer que só parte do Plano Diretor está colocado. Isso é uma afronta à realidade! É uma afronta à sabedoria de todos. Como poderia apenas parte do Plano Diretor estar em operação? Isso é um absurdo! O Plano Diretor está sendo colocado em totum; aquilo que tem lei, assegurando a lei e aquilo que tem estudos...

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Para concluir, Ver. Gerson. Eu insisto.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: ...Assegurando os estudos, como é o caso do estudo da Ritter dos Reis, é um estudo, está sendo cumprido e agora querem derrubar.

 

(Som cortado conforme determinação da Presidência dos trabalhos.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, que solicita o adiamento da discussão, por cinco Sessões, do PDL nº 005/04.

 

O SR. RAUL CARRION: Exma Presidenta Verª Margarete Moraes, demais Vereadores e Vereadoras, não usarei os cinco minutos, mas não poderia deixar de me manifestar: em primeiro lugar, eu acho importante destacar como é válida a democracia participativa; não meramente a democracia representativa, em que a sociedade entregaria para nós, Legisladores, decidir. Aqui é um exemplo da participação da cidadania. Algo a que alguns são contra; assim como se dá no Orçamento Participativo, se dá hoje em cima da Legislação. E nós queremos preservar esse espaço.

Nós queríamos ainda dizer, para aqueles que desconhecem o Plano Diretor, que ele não é composto somente de artigos: o Plano Diretor inclui todos os anexos, mapas, tabelas e assim por diante. Agora, quando se escuta um Vereador dizer que são só mapas, ele revela um desconhecimento do que é um Plano Diretor, Ver. Gerson Almeida. O Plano Diretor inclui mapas e tabelas; tudo isso faz parte. Não podemos transformar um debate dessa importância para a preservação da Cidade numa disputa eleitoreira como alguns querem fazer, pois incapazes que são de fazer a crítica ao Bloco no qual se aninham - que é o Bloco que quer acabar com a preservação cultural da Cidade -, querem atacar a Prefeitura com pretensos argumentos falsos.

Para finalizar, eu queria dizer que nós assinamos em baixo do que a comunidade coloca aqui quando diz que (Lê.): “Solicitamos que o decreto municipal não seja revogado, sem que antes seja aprovado novo projeto”. É essa a nossa linha. Se existem defeitos, vamos fazer um novo projeto e não anular o que está aí.

Portanto, para preservar a Cidade, votaremos contra o Requerimento de adiamento da discussão por cinco Sessões. Votaremos para que se vote, hoje, esse Decreto Legislativo e, por ocasião dessa votação, votaremos contra o Decreto Legislativo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Isaac Ainhorn, o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, que propõe o adiamento da discussão, por cinco sessões, do PDL nº 005/04. (Pausa.) (Após a apuração nominal) REJEITADO o Requerimento por 16 votos NÃO. Há quórum porque eu também estou presente.

Atenção Vereadores e Vereadoras, existe outro Requerimento sobre a mesa em relação ao mesmo Processo, PDL nº 005/04, pela votação do Projeto nesta data, sem novas propostas de adiamento da discussão e da votação. Assinam: Ver. Carlos Pestana, Ver. Raul Carrion e Ver. Beto Moesch. Em votação o Requerimento de autoria dos Vereadores Carlos Pestana, Raul Carrion e Beto Moesch. O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exma Srª Presidenta Verª Margarete Moraes, Exmas Sras Vereadoras, Exmos Srs. Vereadores, eu sou um daqueles que acredito que a gente sempre aprende alguma coisa todos os dias, e nesta tarde nós estamos aprendendo, aqui, o convívio da democracia, o convívio fraterno entre as posições da situação e da oposição, situações que nós temos como unanimidade, por parte desta Casa, com certeza, na questão da preservação do nosso patrimônio histórico e cultural. E esse Requerimento, assinado pelo Ver. Pestana, primeiramente, quer que não seja adiada a votação – porque a discussão já não foi adiada – desse Projeto. É um Requerimento ao contrário daquele que nós havíamos encaminhado e pedido para que a Casa tivesse ponderação, e que se pudesse garantir, por parte do Executivo Municipal, o cumprimento da Legislação que hoje está aí, já há quase quatro anos, enquanto nós aguardamos que chegue nesta Casa um projeto de lei. Vejam os senhores: parece não ser essa a vontade do Governo; eles não querem mandar o projeto realmente. Se nós queríamos que essa discussão, se adiada por cinco Sessões, ocasionasse, possibilitasse um tempo hábil para que, tanto o Executivo quanto o Legislativo se preparassem – aqueles, para enviarem à Casa, e nós, para recebermos através desta Casa e também da Comissão de Avaliação do Plano Diretor -, certamente um bom Projeto sairia. Mas essa não é a vontade da situação.

Parece-me que eles não querem mandar o projeto de lei, estão satisfeitos com o Decreto. É uma espécie de medida provisória do Município. Estamos criando uma legislação e um poder descabido para o Executivo; estamos dando a chance ao Executivo, ao Prefeito Municipal para editar medidas provisórias. Porto Alegre sempre foi pioneira em muitas coisas, mas nessa, a de abrir mão das prerrogativas dos direitos do Parlamento, essa eu não tinha visto ainda. Essa vontade que a maioria está expressando aqui, essa eu não tinha visto ainda. Abrir mão do direito de legislar, abrir mão do direito de estar consciente e fazer com todas as forças da sociedade, uma bela e boa lei para ser cumprida e fiscalizada por esta Casa, eu não tinha assistido ainda. Eu não tinha assistido um episódio como este, mas a gente aprende todo dia, e hoje eu estou aprendendo o quão fácil é as pessoas se enganarem por causa de um episódio, de um ponto, não enxergando o conjunto da sociedade, os seus próprios direitos, que, daqui a pouco, terão de reclamar. E aí quem vai defendê-los? Quem terá autoridade para defender esta Casa? Quem terá autoridade para defender aqueles cidadãos que hoje podem estar pensando que estão sendo beneficiados, ocasionalmente? Com certeza, num próximo episódio, Ver. Haroldo de Souza, eles acorrerão a esta Casa para salvaguardar os seus direitos, acorrerão a esta Casa democrática, que quer preservar os direitos de todos.

Mas tenho a certeza de que o bom senso, a boa vontade e, certamente, a vontade majoritária desta Casa, irá se impor de alguma forma.

Eu queria, nesse encaminhamento de um Requerimento para que não seja adiada a votação, encaminhar contrariamente, porque eu acredito ainda que, se nós tivermos esse período, e o Executivo se comprometer, pois sem isso também não adianta, porque aí o período pode ser de três, quatro, cinco, dez anos, quem sabe? Nesse sentido encaminho, então, Srª Presidenta, contrariamente ao Requerimento e gostaria que os meus pares nos acompanhassem para que essa discussão pudesse ser dilatada, e aí, sim, com o compromisso do Executivo, a gente pudesse votar uma matéria consubstanciada por um projeto de lei. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana e outros.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, eu acho que é muito difícil se dedicar a estudar, analisar, o que ocorre nesta Casa. Eu chego cedo, não saio do plenário, e sou obrigado a ouvir discurso - se vota ou não vota, se vai ou não vai, se fica ou não fica -, eu já não tenho mais paciência!

Eu gostaria que esta Casa tivesse usado as assessorias que lhe foram colocadas à disposição pelas universidades. Eu pedi, e as universidades me deram, mas não queriam assessoria de professores com doutorados e mestrados.

Nós estamos aqui discutindo o nada, porque o Decreto de S. Exa., o Sr. Prefeito Municipal, e nada são a mesma coisa! É a mesma coisa! Ele está fazendo um Decreto para a área central, que é o único lugar da Cidade que não precisa desse Decreto. Todos os prédios, tudo que há de interesse cultural foi tombado. Ele não está fazendo para a Cidade. É um Decreto que não é sério, que não é responsável, ou é fruto da incompetência, má-fé, ou é apenas eleitoreiro. E nós estamos, aqui, forçando Vereadores, que estudam, a ouvirem discursos: vamos adiar, não vamos adiar, vamos impedir o adiamento, vamos retirar o quórum, vamos colocar o quórum; mas isso é brincadeira! Nós não temos nada do Prefeito, absolutamente nada. Ele tem servidores do melhor quilate, não os usa, os deixa de lado, traz gente que não sabe o que é Plano Diretor, e eu tenho de ouvir os discursos. Sou obrigado a ouvir os discursos, porque eu não saio do plenário! O Decreto dele e zero são a mesma coisa!

Leiam o art. 1º do Decreto, se não se refere tudo ao anexo III, que é a área central. Quem sabe vão mexer no Mercado Público, ou no Paço Municipal, ou no Correio, ou no MARGS. Eles estão brincando de fazer leis, estão brincando de discutir decretos que não são decretos, são aberrações. E nós estamos dando força para que as barbaridades continuem nesta Cidade. Isso é o que está acontecendo nesta Casa, agora. Algumas pessoas, esforçadas, dedicadas, que se preocupam com a coletividade são enganadas pelo Sr. Prefeito, que assina um Decreto! Leiam; procurem, quem sabe, olhar o anexo III, está dizendo “uso e ocupação”, não está falando em índice, ele tem de mandar para a Câmara mesmo, ele sabe disso! E nós estamos aqui discutindo. Agora, se nós não houvéssemos rejeitado o apoio de professores do mais alto nível, eu tenho certeza de que nós não estaríamos aqui discutindo como estamos discutindo aqui, agora. Mas nós não queríamos! Eu sofri até uma reprimenda velada quando eu me manifestei contrariamente à criação de cargos, mas não é possível, a paciência tem limites. Eu confesso que não tenho mais paciência para ouvir discurso em cima de discurso, para dizerem nada com coisa nenhuma. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento do Ver. Carlos Pestana e outros.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu ouvi atentamente o Ver. João Dib na sua indignação contra este quadro patético que nós estamos vivendo. Se volto à tribuna, para desagrado do Ver. Dib e de outros tantos, é porque eu quero deixar muito claro, Ver. Dib, que nós não estamos hoje aqui simplesmente analisando um mero Decreto Legislativo que susta um Decreto do Executivo. Há todo um processo envolvido nessa discussão, que se alonga, evidentemente, com as duas correntes que se formaram na Casa, neste momento se digladiando e buscando, dentro dos limites do Regimento, ver concretizada a posição de uns, enquanto que outros buscam obstar, até mesmo pelo recurso legítimo da obstrução, que se realize e que se consume um ato que, no nosso entendimento, fere, compromete, definitivamente, a própria imagem desta Casa que estará abdicando da sua condição de órgão legítimo da repercussão, do pensamento plural da sociedade de Porto Alegre. Nós estamos falando sobre uma matéria que não é de somenos importância como alguns pensam; é uma matéria de relevância. Se vier a ocorrer a rejeição, como, no dia de hoje, no meu entendimento, corre o risco de ocorrer, do Decreto do Legislativo proposto pelo Ver. Wilton Araújo, nós estaremos irremediavelmente comprometendo a imagem do Legislativo da Cidade.

Eu nunca vi, nos vários anos em que exerço a Vereança, buscar-se tão afanosamente renunciar competências que nos são delegadas por lei. Nesta Casa, nós vivemos, longos anos, tentando alargar a competência dos Vereadores, buscando pelo alargamento da competência no que diz respeito à iniciativa, e agora, quando nós temos a iniciativa de um Vereador, de um colega nosso, que busca exatamente frear essa onda de supremacia autoritária do Poder Executivo contra o Legislativo, por questões circunstanciais, eu vejo se somar à Bancada governista, algumas vozes das mais respeitáveis desta Casa, o que me deixa realmente surpreendido.

Por isso, Ver. Dib, eu entendo de vir à tribuna, porque, muitas vezes, até aparentemente a gente está com a posição certa, e na verdade está com a estratégia errada. Eu acho que todos nós, somados, temos de impedir que esta votação se proceda no dia de hoje. Nós não vamos deixar que uma matéria dessa relevância possa ser sufragada, ser decidida por um quórum tão baixo como o que temos na Casa hoje. Acho que, se tem de fazer o enfrentamento, que se traga à plenitude da Casa e que cada um assuma a sua responsabilidade, e eu estou assumindo, desde já, não há dúvida alguma de que eu sou visceralmente contra a vigência deste Decreto que afronta a competência do Poder Legislativo. Mas, se outros entenderem de forma diversa, num momento adequado, com a Casa reunida na sua plenitude, com o acerto entre as Lideranças, no momento oportuno para votação, eu estarei aqui para vencer ou ser derrotado na minha proposta. Mas não vou, de modo nenhum, deixar de caracterizar o meu protesto, já que eventuais ausências de algumas votações fazem parte de uma estratégia que eu anunciei que seria seguida e que eu buscarei segui-la afanosamente, porque tenho a expectativa de que, ainda no dia de hoje, haja algumas alterações de posição, e que alguns pensem bem na estratégia que estão desenvolvendo. Não basta ressalvar a nossa posição pessoal, não basta demonstrarmos a mediocridade desse Decreto que nós queremos sustar, não basta que se diga que esse Decreto teria efeito limitado se não fosse a sua má utilização, porque, ainda que dirigido apenas ao perímetro central da Cidade, está sendo aplicado em todos os pontos de Porto Alegre de forma descriteriosa, o que compromete mais ainda a sua eficácia, a sua validade.

Por isso, Srª Presidente, ao concluir esse meu pronunciamento - eu espero que seja o derradeiro do dia - eu reafirmo as posições anteriores: olhei essa matéria tecnicamente, criteriosamente, ajuizadamente, o que escrevi está escrito, eu sou responsável pelo que eu escrevo, fiz uma manifestação técnica, esse Decreto é absolutamente ilegal e mantê-lo é um crime que se faz contra a história desta Câmara. Era isso, Srª Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento do Ver. Carlos Pestana e outros.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, Srs. Vereadores, uma matéria tão importante como essa - uma das matérias que mais catalisou o debate durante todo este ano - não pode, Ver. Sebenelo, ser votada dessa forma. Qualquer votação que se desenrolasse no dia de hoje, mesmo que numa circunstância excepcional como a de hoje, em que faria uma maioria simples, de 14, 15 votos contrários ao Decreto Legislativo do Ver. Wilton Araújo, seria uma vitória de Pirro, não seria bom para a Casa. Uma votação como essa, qualquer que fosse o resultado, tem de ter não só o debate, como uma participação comunitária, com a presença mínima de 30, 31 Vereadores. O ideal seriam os 33 Vereadores, mas não uma vitória dessa forma, porque levará a uma situação de confronto desta Casa, e tem sido a Presidenta desta Casa, a primeira a desenvolver uma política, no curso do seu mandato, de diálogo e de entendimento entre as partes, respeitando a coerência das posições que as Bancadas, os blocos, e os Vereadores tenham.

Agora, Ver. Gerson Almeida, V. Exª, que sempre tem uma posição altamente democrática e que busca o entendimento na discussão e no estabelecimento da ordem, não vai querer, não é do seu perfil, ganhar sem a presença da oposição, não é uma vitória satisfatória. Então, eu apelo para que tenhamos o conjunto dos Vereadores desta Casa presente, na sua ampla maioria, seja qual for o resultado, contrário ou não ao Decreto Legislativo do Ver. Wilton Araújo, seja qual for a deliberação, mas sendo uma deliberação soberana com a participação do conjunto da Casa, ela é válida. Agora, sem a presença da oposição, sem a presença dos que questionam e são contra o Decreto do Executivo, seria uma vitória com sabor até de derrota para o PT. O senhor sabe que essa questão é objeto de discussão, de debate e polêmica. Ela é tão polêmica que dividiu os próprios setores que participam deste debate.

Ninguém, aqui, está defendendo uma selva de pedra, nem espigões. Nós estamos defendendo – e por aqui passaram vários Vereadores – uma linha de definição, por lei, de uma Área de Interesse Cultural. Uma definição clara e precisa sobre essas áreas, sem prejuízo de um amplo debate, Ver. Haroldo de Souza.

Portanto, não podemos, neste momento, participar de uma posição, pois a Casa está com um quórum limite, sem a maioria absoluta; não podemos ter uma definição, seja a favor ou contra o Decreto Legislativo do Ver. Wilton Araújo.

Amanhã, pode ter o comício do PT, em Porto Alegre, e a oposição reunir-se e querer uma vitória. E, aqui, o dia-a-dia desta Casa nos ensina que temos de ter sensibilidade, porque cada dia é um dia; de ganhar, mas ganhar na disputa não da rasteira, mas na disputa soberana, livre e democrática, e que tenha a participação da ampla maioria dos Vereadores desta Casa.

Portanto, não queremos ver votada essa matéria no dia de hoje, com um quórum jurídico e regimentalmente desqualificado. Não é o momento oportuno para se votar esta matéria porque temos um quórum extremamente apertado.

Na última votação, deu 16 Vereadores votando, mais a Presidente da Casa.

Portanto, entendemos que temos de adiar essa votação. Essa votação não pode ocorrer no dia de hoje. E tenho a convicção de que ela não ocorrerá, em nome dos interesses maiores e da própria preservação do Patrimônio Cultural desta Cidade. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana e outros.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu tenho uma posição nesta Casa desde o início do mandato: eu acho que o eixo fundamental do Parlamento é a sua discussão. Eu, muitas vezes, fiquei sozinho nesta tribun0a, quando tentei adiar votações de matérias que o Governo entendia que não deveriam ser adiadas e, portanto, fizeram esse tipo de Requerimento.

Eu quero dizer que quero enfrentar esta matéria, não tenho nenhuma dificuldade. Agora, acho que tem direito, sim. Mas não procede não querer adiar a votação, acho que não está correto isso, Ver. Pestana.

Agora eu quero entrar no mérito da questão. Vejam o seguinte: nós estamos, aqui, numa conversa - desculpem-me - de louco. Porque, na verdade, o que acontece? O Decreto está errado; o Executivo não pode criar dificuldade para depois criar facilidade. Essa é a realidade que acontece, porque o bom senso, Ver. Pestana, - V. Exª, que é Líder do Governo, foi chamado a esta tribuna várias vezes, em vários momentos, para estabelecermos um pacto -, indica que o melhor caminho seria esse: estabelecer um tempo e legislar sobre esta matéria.

Veja o seguinte, Ver. João Dib, que estava na instalação da Comissão do Plano Diretor, em inúmeras vezes, o Ver. Isaac, eu, o Ver. Beto e outros Vereadores, e em todas as nossas reuniões dizíamos: "Aquilo que é questão pontual, vamos votar". Agora, o que envolve essas questões maiores - Área Especial, Estudo de Vizinhança, Estatuto da Cidade, tudo isso -, Ver. Beto, vamos deixar para uma discussão na revisão do Plano Diretor.

Bom, aí, de uma hora para a outra, por mil razões, alguém chega e diz: "Agora nós vamos votar a Rua Mário Totta. Essa é uma questão pontual". Agora o Interesse Cultural já não é mais uma questão global, é um interesse pontual. É evidente que a história sempre tem dois lados.

Eu disse, nesta tribuna, e repito: vamos imaginar que um empreendedor vai comprar um terreno e esse terreno tem um índice construtivo x. Ele compra esse terreno por dois milhões de reais na expectativa de construir em cima daquilo que ele pagou; ele faz o Estudo de Viabilidade; quando ele toca o projeto para frente, aí manda lá para o Instituto Histórico, que diz: “Não dá para construir”. Isso não está correto. Então, eu tenho que ter lei sobre isso. O construtor que comprar o terreno tem que ter clareza sobre qual o índice construtivo que ele pode ter. E eu não posso entregar isso para o Executivo, para que ele autorize, caso a caso, porque isso pode dar em outra coisa: pode criar dificuldade para, depois, criar facilidades. Isso não está correto! Nós já sabemos.

Então, eu acho, com toda a sinceridade, que uma Comissão se instalou e não conseguiu, Ver. Beto Moesch. Essa é uma matéria que é do bojo da revisão do Plano Diretor. Aí tem de haver capacidade - as entidades não-governamentais, a Câmara de Vereadores, a Prefeitura, os setores empresariais -, e construir uma legislação complementar daquilo que estabelece o Plano Diretor. Esse, me parece, com todo o respeito, ser o melhor caminho. Atropelaram, para votar, na Comissão Especial. Aí, os que querem votar hoje são os que não queriam que votassem lá. Os que queriam que votasse lá, porque achavam que o assunto era de extremo interesse e urgência, hoje já dizem que não é mais de urgência. Então, fica difícil estabelecer um processo de discussão nesse nível de debate.

Portanto, eu vou manter a minha posição. Acho que estamos cometendo um profundo equívoco de enfrentar essa matéria, quando faltam 20 dias para as eleições, num processo que está aí desde abril. Passou abril, maio, junho, julho, agosto; agora, setembro, quando faltam alguns dias para as eleições, eu vou transformar isso num palanque de discussão eleitoral? Eu acho que está errado, está equivocado! Isso não deveria ser dessa forma. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Não há mais inscritos para encaminhar.

(Manifestações das galerias.)

 

 Solicito silêncio.

Como não há mais ninguém para encaminhar, solicito a abertura do painel eletrônico para a votação.

(A Verª Margarete Moraes reassume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Sebastião Melo, o Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana e outros. (Pausa.) Atenção, Vereadores e Vereadoras, digitem os seus votos; o tempo está correndo.

Consulto aos Srs. Vereadores se desejam trocar seus votos ou se, por acaso, não tenham tido acesso ao painel eletrônico; consulto aos Srs. Vereadores.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Já passou!

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu não encerrei o painel.

O Ver. Professor Garcia vota Sim. (Após a apuração nominal.) APROVADO por 15 votos SIM e 01 ABSTENÇÃO, o Requerimento de autoria do Ver. Carlos Pestana e outros.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Srª Presidenta, houve aqui um fato que eu entendo que não foi obedecido. Já tinha sido encerrada a votação, já havia passado um minuto e 12 segundos, no relógio.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu não tinha encerrado a votação.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Não tinha, só estava perguntando se algum Vereador... (Som cortado conforme determinação da presidência dos trabalhos.)

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Srª Presidenta, para um Requerimento. Eu gostaria que fosse expedido por esta Mesa, por intermédio do controle de tempo dos computadores, o número de minutos e segundos em que a última votação se procedeu, para ver se a votação está dentro dos limites regimentais. E gostaria que fosse feito isso agora, porque isso pode impedir as próximas votações. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Pois não, Vereador, será encaminhado o Relatório de Votação e será entregue a V. Exª.

PDL nº 005/04. (Pausa.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Srª Presidente, eu lamento dizer o que vou dizer agora, mas eu faço as coisas com isenção. O relógio apagou com 1 minuto e 16 segundos, não podia haver mais votação. Eu votei favoravelmente ao Requerimento, mas não havia quórum. Eu peço desculpas a V. Exª.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): V. Exª pode fazer por escrito o seu descontentamento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Não, eu não vou fazer por escrito.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em discussão o PDL nº 005/04. (Pausa.)

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Srª Presidenta, foi-me entregue um Relatório de Votação Nominal, neste Relatório não há o tempo da votação. Eu gostaria que no Relatório constasse o tempo de votação. É um assunto que eu relevo de grande importância para esta Casa para as definições da próxima votação, porque, possivelmente, na Justiça, inquirido, isso seria importante. Então, eu gostaria de receber agora esse Requerimento.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Relatório é o que a Casa edita há muito tempo, então, não houve nada; V. Exª pediu, ela lhe apresentou o Relatório.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Mas eu preciso do Relatório do tempo.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Questão de Ordem): Srª Presidente, eu acho que esta Casa já esgotou todos os tipos de postergações que podia haver. Vamos direto à matéria, vamos votar a matéria.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para discutir o PDL nº 005/04.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, na realidade, quando houve a última votação, esta Casa já estava sem quórum! A votação já havia sido encerrada quando o Ver. Garcia ingressou no plenário, e um processo de votação foi reaberto para que ele pudesse votar! Há um processo de parcialidade! Pela primeira vez, neste ano, eu afirmo, categoricamente, que houve um processo de parcialidade da Mesa Diretora!

O próprio Ver. João Antonio Dib acentuou este fato quando de sua manifestação em uma Questão de Ordem!

Eu acho que, dessa forma, nós não vamos construir um bom debate político aqui dentro!

É lamentável! É lamentável que se tenha prorrogado o processo de votação, o qual já havia encerrado, pois já havia passado um minuto e 12 segundos, e o tempo de votação nominal é de um minuto!

Esse assunto que eu abordo, Ver. Renato Guimarães, envolve questões preliminares da discussão da matéria!

Eu acho que o resultado, independente do que ocorrer, deve ser preservado! Sobretudo a transparência e a legalidade dos processos de votação! Caso contrário, como afirmou aqui o Vereador que me antecedeu, o Ver. Wilton Araújo, os processos são nulos de pleno direito!

E, normalmente, esta Casa tem procurado construir essas relações dentro de um processo democrático!

O Ver. Wilton Araújo apresentou o seu Projeto de Decreto Legislativo, formulando legalmente a sustação do Decreto nº 14.530, do Poder Executivo, sustando a aplicação com base na Lei Orgânica. É cabível? Sim, é cabível e é um dos instrumentos de que a oposição dispõe. Mas é obvio, e reconhecemos que o PT, a Bancada governista, tem a legitimidade de usar esse expediente para chegar aqui, manter uma maioria de quórum e votar a matéria. Só que nesse caso, infelizmente, esse quórum foi forçado, ocorreu de forma forçada, quando os prazos já tinham sido vencidos.

Vejam o que é que pretende o Ver. Wilton Araújo (Lê.): “Sustar os efeitos do Decreto do Prefeito João Verle que considera Áreas de Interesse Cultural as identificadas no anexo 3 do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano da cidade de Porto Alegre”. Todos aqui sabem que essa matéria sobre as Áreas de Interesse Cultural, para ser aprovada - Ver. Sebastião Melo -, exige lei complementar deste Legislativo. E o Poder Executivo, se valendo do malfadado Decreto do Poder Executivo, está usando os expedientes mais nefastos para fazer valer a sua vontade. Por isso, a correção da proposta do Ver. Wilton Araújo de anular os efeitos do Decreto do Executivo. Essa é, sobretudo, a proposta do Ver. Wilton Araújo.

Mas é verdade, hoje não era o dia adequado para votar esta matéria. Até porque, Ver. Sebastião Melo, V. Exª mesmo me colocou, no início da Sessão, que era contrário à votação desta matéria no dia de hoje, por entender inoportuna a votação.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Ver. Isaac Ainhorn, para concluir.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu já, encerro, Srª Presidenta. Agradeço a V. Exª.

V. Exª, Ver. Sebastião Melo, afirmou para mim, pessoalmente, que não era o momento, quando o Ver. Pestana, da Bancada governista, sustentou uma proposta de Ordem do Dia em que colocava o Projeto do Ver. Wilton Araújo no primeiro momento. E todos os expedientes estão sendo usados, anti-regimentalmente inclusive, para votar de qualquer maneira, custe o que custar, este Projeto, neste momento.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Srª Presidenta, gostaria de saber, pode ser respondido no curso da discussão - eu olhei no Regimento e confesso que não encontrei embasamento -, gostaria de saber se precisa maioria simples ou maioria absoluta para ser votada essa matéria?

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Nós encaminharemos a sua consulta, Ver. Sebastião Melo e logo que obtivermos a resposta V. Exª será informado.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PDL nº 005/04.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Srs. Vereadoras e Sras Vereadoras; minhas senhoras e meus senhores, eu confesso que tenho dificuldades de fazer as coisas que eu considero que não sejam certas. Esta Casa já encerrou o tempo de votação em um minuto em votações muito mais complicadas, e hoje encerrou em um minuto e 16 segundos. Eu sou atento, muito atento. O Ver. Garcia não poderia ter votado, e eu votei favoravelmente à proposta. Mas eu gosto das coisas sérias, para que não ocorra o que ocorreu no dia 28 de dezembro de 1991, quando o IPTU desta Cidade foi desonestamente aplicado pela Prefeitura. Até hoje não foi aprovada a Redação Final, e a Lei foi publicada, e o povo pagou. Esse tipo de coisa não pode acontecer. Quando se permite que essas coisas ocorram, outras ocorrem também.

Esse Decreto do Prefeito é desonesto e safado. No artigo 1º ele está dizendo que é na área central. O resto é lei. E ele sabe que tem de fazer a lei. Ele está tentando se sobrepor à lei. E isso a Casa não pode permitir, porque amanhã nós teremos que defender outras necessidades do povo de Porto Alegre, e como nós iremos defender se permitimos desonestidade do Prefeito, dos seus secretários, que colocam um Decreto que já estava aplicando – e não era nem Decreto!? O que está ocorrendo aqui, eles estavam fazendo no ano passado. Está tentando incluir aqui, e sabe muito bem.

O art. 162 do Plano Diretor, no seu parágrafo 11, é claro, quando diz que regime urbanístico das Áreas e Lugares de Interesse Cultural se faz por lei. O Prefeito sabe disso. Há uma assessoria jurídica na Procuradoria de 60 Procuradores! Ele sabe disso. Não é honesto esse Decreto. Eles já estavam aplicando isso no ano passado. Eu recebi no gabinete pessoas reclamando da má aplicação do estudo que estava sendo feito. E foi o Prefeito João Verle que me disse: “Não, Dib, isso é apenas um estudo”. Mas já estão aplicando! A sua Procuradoria já disse que já dá para fazer. Tem de ser lei, eu disse para ele. E agora está fazendo por Decreto? Isso não é correto, não é sério, não é assim que esta Casa vai discutir os problemas da Cidade. E é assim que nós vamos perder em outras oportunidades, porque nós esquecemos da responsabilidade, da seriedade e da competência que deve ter cada Vereador.

Esse Decreto não é sério! Esse Decreto se refere à área central, sim. E tão-somente isso. No resto, ele está tentando passar por cima da lei. E como é que nós vamos viver tranqüilamente, sabendo que por cima da Lei se passa com facilidade, uma vez que a segunda grande lei da cidade é o Plano Diretor? E um Prefeito, que vem de não sei onde, pode fazer o que quiser? Por Decreto? Não é nem Decreto-Lei. Isso nem existe mais. Nós temos de ter seriedade nas coisas que fazemos; responsabilidade nas coisas que nós fazemos! E não permitir que o povo seja ludibriado com processos como este que aqui está, e que Vereadores que têm responsabilidade, que sentam-se aqui, que debatem e discutem os problemas, sejam olhados como se fossem gangsters, como se fossem pessoas que não têm seriedade nem competência. Talvez seja triste ser responsável e competente. Talvez seja triste, porque, de repente, eu não vou engolir isso aqui e também não vou engolir o que aconteceu com a votação, ainda que eu fosse favorável ao Requerimento do Ver. Pestana. É assim que o homem preserva os seus direitos. O direito nasce do dever. E não é por leis que se dá direitos; quando não cumpriu o dever, não tem o direito. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PDL nº 005/04.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, evidentemente que não posso discutir esta matéria sem contextualizar o que ela representa para o cenário da Cidade. O Plano Diretor talvez seja a peça mais importante da vida de uma Cidade. Dele se deriva uma série de políticas públicas pelas quais a Cidade deve percorrer e escolher os seus caminhos. O Plano Diretor de 1999 é uma boa carta de intenções, mas dele precisava derivar uma série de leis complementares de várias regiões e para várias finalidades. Vou dar um exemplo que está contextualizado dentro dessa questão: terminou-se com a área rural de Porto Alegre, em 1999, criou-se a rururbana, Macrozona 8. De 1999 a 2002 houve um vácuo legislativo e só em 2002 o Executivo mandou para esta Casa - e esta Casa aperfeiçoou - um proposta para construir uma Legislação Complementar sobre a questão da chamada área rururbana.

Se os senhores me perguntarem se em nossa Porto Alegre existe um traçado viário, Ver. Beto Moesch, respondo: não existe. Se me perguntarem sobre a orla do Guaíba, também, isso está em processo de discussão. Eu vejo que, nessa questão, o Plano é de 1999, os processos vinham sendo autuados, distribuídos no pedido de construções, um por um, e, portanto, analisados caso a caso. Depois, vem, então, o estudo da Faculdade Ritter dos Reis, que identificou em torno de 80 áreas como de Interesse Cultural.

Eu não posso, ao continuar nessa discussão, deixar de dizer o seguinte: eu continuo com o mesmo discurso. Há um mês a mesma Bancada do Governo, que hoje tem uma posição, foi a Bancada do Governo que votou com o Ver. Isaac, com o Ver. Reginaldo Pujol e outros, por exemplo, a autorização da construção das torres no bairro Tristeza. E lá houve uma profunda alteração, indevida, e lá se sustentou o discurso.

Tem razão o Ver. Dib: o caminho da roça para resolver essa matéria não é o Decreto. O que esta Casa e o que a Prefeitura deveriam fazer... Esse processo foi atropelado, sim, estão pagando pelo atropelo que fizeram na Comissão do Plano Diretor, estão pagando aqui, neste momento, pelo atropelo que fizeram.

Nós, em várias oportunidades, dissemos: vamos deixar essa matéria, essa, Ver. Adeli, e outras matérias, para a gente discutir com a comissão técnica que vai ser formada, fazer uma grande mesa, e deixar brotar dali, do bom senso, porque, acima de tudo, uma Legislação, uma matéria dessa complexidade, tem de ter bom senso, Verª Sofia. Não vai alterar nada esse Decreto hoje, aqui, porque, se derrubar – e vamos derrubar –, o Executivo vai continuar fazendo, e se não tivesse Decreto, ele iria analisar caso a caso. Então há de ter uma Legislação, Verª Sofia.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebastião, eu agradeço pelo aparte. Acho que a sua tese está correta, nós temos de fazer o debate. E até por ela estar correta, nós temos de derrotar esse Decreto, porque o Decreto acaba com um outro que é preventivo, nós não podemos ficar sem nada enquanto fazemos o debate e as nossas Áreas Culturais sendo depredadas.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu concordo com V. Exª; eu só queria que V. Exª ou o Líder do Governo dissesse aqui: “O.k., nós vamos derrotar, está bem, estamos juntos”. Mas eu quero um prazo para estabelecer isso, e o procedimento. Sobre o conteúdo nós não temos divergência, Verª Sofia; eu imagino que até os empreendedores desta Cidade, acima de tudo, são cidadãos que querem preservar a Cidade, não querem destruir a Cidade. Alguns deles pode ser que não, mas eu estou partindo do pressuposto do bom senso. Então, no conteúdo, não há divergência entre a nossa posição e a posição do Governo; eu tenho uma divergência do procedimento, porque “a porteira por onde passa um boi passa uma boiada”. Eu sustento o Decreto hoje; amanhã eu estou dizendo: façam com o Decreto qualquer alteração que os senhores quiserem, porque o Decreto é válido. É isso que está errado! Portanto nós tínhamos de estabelecer isso como preventivo, sim, Ver. Beto; vamos manter o Decreto, mas vamos estabelecer um prazo para fazer a legislação. Eu acho que isso é o bom senso; agora, o que acontece é que não ouvi compromisso nenhum do Governo dizendo: “Qual é o prazo que nós temos para fazer isso”? Essa é a dificuldade.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para discutir o PDL nº 005/04.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exma Presidenta, Verª Margarete Moraes, eu, antes de entrar no tempo, faço uma Questão de Ordem e vou encaminhar a V. Exª um Requerimento por escrito, pedindo o Relatório com o tempo de votação do Requerimento em anexo, que é o último Requerimento que foi votado. Existe o testemunho de diversas pessoas, Vereadores inclusive, que já externaram - isso faz parte dos Anais desta Casa. Eu gostaria de ter esse Relatório, porque ele pode invalidar a última votação. E, se ela for inválida, esta Sessão será inválida a partir daquele momento. Por isso acho importante que a Casa mantenha aquilo que lhe é mais caro, que é a respeitabilidade, o Regimento Interno e a nossa Lei Orgânica. Por isso encaminho a V. Exª este Requerimento por escrito e gostaria que, antes que esta votação chegasse ao fim, esse Relatório estivesse na mão deste Vereador, sob pena de nulidade de todo o processo.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o PDL nº 005/04. O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar...

 

O SR. WILTON ARAÚJO: (Som cortado, conforme determinação da presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): V. Exª terminou o seu tempo, Vereador, saiu da tribuna. O senhor saiu da tribuna, Vereador, não tem mais tempo.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: (Som cortado, conforme determinação da presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Vereador, V. Exª pediu para discutir. Eu disse: “Em discussão, Vereador...” Por favor, Vereador, eu estou falando! Eu disse: em discussão, o Ver. Wilton quer discutir, cedi o tempo de cinco minutos, que é o tempo regimental. V. Exª saiu da tribuna, disse que estava na tribuna fazendo uma Questão de Ordem e disse que não concluiu o seu tempo. Isso não é regimental.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: (Som cortado, conforme determinação da presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): V. Exª pediu uma Questão de Ordem, saiu da tribuna e tinha cinco minutos. V. Exª tem ainda três minutos e trinta e nove segundos. Eu vou lhe conceder este tempo, Ver. Wilton Araújo, para concluir, dentro do seu tempo.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: V. Exª, em Questão de Ordem, não deveria ter iniciado a contagem do tempo regressivo, assim é o Regimento...

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu coloquei o tempo em discussão.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Não há nenhum impedimento da Questão de Ordem ser pedida da tribuna. Ela pode ser pedida em qualquer lugar do plenário, não precisa nem ser em microfone nenhum, e assim a Mesa deve acatar. Então, V. Exª está extrapolando as suas funções de coordenação do Plenário. Eu faria um apelo para que nós voltássemos à regularidade do Regimento, sob pena, e volto a dizer - sob pena da nulidade dos atos aqui praticados. Eu estou preocupado é com a Casa do Povo de Porto Alegre, não é sobre uma ou sobre outra pessoa, nem me importam apupos ou vaias. Nós estamos aqui para preservar os direitos desta Casa, e, como membro desta Casa, tenho, sim, de trazer a Questão de Ordem, encaminhar à Srª Presidente, receber com dignidade os dados deste relatório. Existem provas que já estão nos Anais desta Casa, de que já estávamos há um minuto e 16 segundos fora, portanto, do Regimento.

Eu faço um apelo ao bom senso da Mesa Diretora dos trabalhos. Não é desta forma que a democracia se estabelece, não é usurpando o Regimento. Eu quero levantar esta questão aos Srs. Vereadores, porque ela é muito clara, ela é muito objetiva, e eu quero, sim, que fique nos Anais desta Casa, porque eles poderão ser usados, no futuro, para a nulidade desses atos. E eu estou pedindo para que eles não sejam nulos, que eles sejam de pleno direito e que aí, sim, as maiorias possam-se expressar, mas não é assim dessa forma; não é atropelando, não é passando o tempo, não é cortando o tempo de um orador que está na tribuna; não, isso não é democracia. Eu faço um apelo para que a Mesa Diretora reveja a sua posição e dê o Relatório a este Vereador como manda o Regimento desta Casa. Aí, sim, nós poderemos encaminhar, de alguma forma, aquilo que é de direito de cada Vereador, que é saber, que é questionar, que é entrar com recursos. Enfim, isso é de direito de cada Vereador. Não vou abrir mão. Não vai ser no empurrão, não vai ser na má vontade da Mesa e não vai ser no desrespeito ao Regimento que nós vamos chegar a alguma coisa. Esta Casa tem 231 anos a serem preservados. Não vai ser uma votação que vai estragar tudo isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Wilton Araújo, seu Requerimento já foi encaminhado para instrução. Encerrada a discussão. Em votação o PDL nº 005/04. (Pausa.)

 

(Aparte paralelo. Inaudível.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do PDL nº 005/04.

Por favor, Ver. Isaac Ainhorn!

 

(Tumulto no plenário e nas galerias.)

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): (inaudível) E depois abriu. Isso não pode!

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Para encaminhar. O senhor quer se inscrever? O senhor pode se inscrever, Ver. Isaac. Foi isso que o senhor falou; por favor.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Ininteligível) Se inscreveu, perguntou a V. Exª se a discussão estava aberta (ininteligível). Vossa Excelência disse que não.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ele me perguntou “para encaminhar”, Vereador.

 

O SR. ISAAC AINHORN: O que é que (ininteligível) o Ver. Wilton Araújo?

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Vereador!

O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do PDL nº 005/04.

 

(Manifestação do Ver. Isaac Ainhorn. Inaudível.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Qual é o artigo que o senhor está citando?

 

O SR. ISAAC AINHORN: O bom senso de V. Exª (ininteligível)... para um esclarecimento. A senhora vai esclarecer!

 

(Tumulto nas galerias.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O senhor se acalme, que nós vamos esclarecer.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Desse jeito, não, Ver. Isaac. Acalme-se.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Tem de me respeitar.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Mas V. Exª também tem de respeitar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Com esse ar de bonitinha, não vai ficar.

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): Estão suspensos os trabalhos até que o Ver. Isaac Ainhorn recupere a compostura. V. Exª está perdendo a compostura.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 18h19min.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes – às 18h35min): Estão reabertos os trabalhos.

Quero comunicar a este Plenário que estava aguardando as notas taquigráficas, mas, infelizmente, vão demorar, então, estamos retornando aos trabalhos.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Srª Presidenta Margarete, como é tradição nesta Casa, toda vez que um de nós discorda da decisão da Presidência, de quem preside os trabalhos, cabe, dentro do Regimento, e é o correto, é assim que a gente tem procedido, pelo menos no período que eu estou nesta Casa, Requerimento de recurso à Comissão de Constituição e Justiça contra atitudes ou atos da Presidência, ou de quem está presidindo os trabalhos.

Então, não se justifica que a gente dê seqüência, digamos assim, a ataques, reclamações verbais, que fogem à tradição da nossa boa relação aqui entre os parlamentares desta Casa. Então, eu sugiro que, aqueles Vereadores ou Vereadoras que, eventualmente, se sentiram prejudicados com o encaminhamento da Presidência, com toda legitimidade e com todo o direito que o Regimento lhes resguarda, façam, sim, um Requerimento à Comissão de Constituição e Justiça, questionando a decisão da Presidência. E que a gente dê prosseguimento a esta Sessão, até porque, todos nós estamos aqui na expectativa de poder dar o melhor encaminhamento aos trabalhos da Casa. (Palmas.)

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, para um esclarecimento e reiteração de um Requerimento. Em primeiro lugar, eu gostaria, e é importante, que, quando nós nos resignamos, com a nossa experiência de Vereador de anos nesta Casa, depois que os fatos se constituem, do ponto de vista do processo legislativo, eles se tornam irreversíveis, Ver. Pestana. Portanto, o que eu quis, basicamente, é esclarecer em que tempo nós nos encontrávamos, porque quando este Vereador se dirigiu à Mesa e o Ver. Haroldo procurou se inscrever e não conseguiu, sob a alegação da Presidenta de que já estava encerrada a discussão. Eu quero saber, desta Presidência, em que tempo o Ver. Wilton Araújo terminou o seu pronunciamento da tribuna nesta Casa. Em primeiro lugar, eu quero saber isso. Não me adiantam as notas taquigráficas, sem saber em que tempo estávamos. E não adianta fazer emendas. Obrigado.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Eu gostaria de fazer um registro, provavelmente em nome das Vereadoras da Casa, que eu acho que são muitos os momentos de tensionamento que nós vivemos aqui dentro. É legítima a disputa que nós fazemos aqui. Agora, nós temos de manter um padrão de respeito. A nossa Presidenta foi chamada de “bonitinha” na tribuna, e não condiz, Vereador Isaac, com a sua trajetória aqui dentro.

 

(Manifestação do Ver. Isaac Ainhorn fora do microfone.)

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Vereador, estou dizendo, porque eu tenho certeza de que é uma preocupação sua, que tem sido um parceiro no sentido de zelar por essas questões aqui dentro. E eu acho que, nos momentos de tensionamento, é responsabilidade dos 33 Vereadores manterem o respeito.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu quero, Srª Presidente, com a minha condição e a minha responsabilidade de Vereador desta Casa, declarar peremptoriamente que, durante o transcurso da Sessão Legislativa, não fiz a V. Exª qualquer menção, como agora fez, durante a Sessão Legislativa, a Verª Helena Bonumá: uma manifestação indevida, colocando palavras na boca deste Vereador, que eu não disse, durante a Sessão Legislativa.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero apregoar mais um Requerimento do Ver. Wilton Araújo, que solicita a retirada de tramitação do PDL nº 005/04, segundo o art. 106 do Regimento.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA (Questão de Ordem): Srª Presidenta, nós estamos no período de encaminhamento, portanto, não é mais possível a retirada de projetos.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidenta, data vênia, com a permissão de V. Exª, não foi iniciado o processo de encaminhamento da votação. Então, não vamos interromper o processo. Se há uma manifestação clara do autor do Decreto, desistindo, não há matéria a ser discutida nem deliberada. Não existe mais o projeto. É um direito assegurado a qualquer Vereador, desistir do seu projeto a qualquer momento, desde que a votação não tenha sido iniciada. E ela, efetivamente, não se iniciou.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04. (Pausa.)

 

O SR. PROFESSOR GARCIA  (Questão de Ordem): Srª Presidenta, por gentileza, peço que V. Exª consulte o Regimento da Casa, porque foi chamado o período de encaminhamento da votação. Eu estava na tribuna, e, neste momento, o projeto não pode mais ser retirado. Por gentileza, consulte o Regimento da Casa.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Professor Garcia, é verdade, fiz o chamamento para o encaminhamento, mas V. Exª não iniciou.

Peço a colaboração dos Vereadores para que consigamos chegar a bom termo.

Há um Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo que precisamos encaminhar. Ver. Isaac Ainhorn, V. Exª permite?

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidenta, fiz um Requerimento indagando a V. Exª em que tempo o Ver. Wilton Araújo falou no último momento de sua manifestação. Só isso. Eu gostaria de ser esclarecido, porque faz parte do processo.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Posso responder a V. Exª. Eu queria as notas taquigráficas, mas elas vão demorar. A fita foi ouvida, e, às vezes, a gente esquece. Na verdade, eu já havia encerrado a discussão, tanto que o Ver. Wilton Araújo fez uma Questão de Ordem e, depois, eu abri uma exceção para ele concluir a sua discussão, precisamente isso. Ele entrou como discussão e não foi deferido. Exatamente isso.

Atenção, Vereadores e Vereadoras. Em votação o Requerimento apresentado pelo Ver. Wilton Araújo, que solicita a retirada de tramitação do PDL nº 005/04. O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de sua autoria, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exma Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, na tarde de hoje, da tribuna já me manifestei, dizendo que acredito que a cada dia aprendemos uma coisa, e hoje a Casa está aprendendo algo que não me parece muito bom para a nossa cultura. Algo que não é muito oportuno, algo que a sociedade vai, com certeza, cobrar desses nossos Vereadores; vai cobrar no sentido do simples cumprimento do nosso Regimento. O atropelo, a vontade de transformar alguma coisa em realidade, o que não significa que ela seja verdade.

Nós todos sabemos que a votação e que o voto do Ver. Professor Garcia foi 16 segundos depois do permitido pelo Regimento. Nós sabemos que quando eu subi a esta tribuna, havia sido chamado para falar em tempo de discussão e que, daqui, pedi uma Questão de Ordem - o que é permitido pelo Regimento. Pedi a Questão de Ordem, fiz a Questão de Ordem, entreguei o Requerimento à Srª Presidenta e voltei para a tribuna para concluir o tempo que sequer havia iniciado; só aí foram-me tirados minutos preciosos. Mas, por óbvio, estava no tempo de discussão.

Diante de todas essas atitudes, com as quais eu sei que a Mesa Diretora, como um todo, não compartilha, que até as Lideranças que votariam contra ou a favor do meu Decreto, não compactuam, não fazem eco a esse tipo de atitude, e isso vai fazer com que esse processo seja viciado. Eu não quero que esse processo seja viciado. Eu quero que esse processo tenha um fim democrático. Esse fim democrático tem de ser através de uma votação, e essa votação tem que ser muito bem discutida, muito bem analisada. Daí a minha decisão última: de que esse processo seja retirado de tramitação, hoje. Retirado por quê? Se há vício no processo de votação - e isso já foi aqui exposto -, se há, por outro lado, o autoritarismo do Prefeito Municipal - que quer governar tal qual o Presidente, com Medidas Provisórias -, se há a vontade - e assim nós entendemos que a maioria desta Casa pense dessa forma - de querer ver cumprida a nossa Lei Orgânica e o nosso Regimento, mesmo daqueles que querem manter o Decreto do Prefeito, eles querem o legítimo, o legal, o regimental. É isso que todos nós queremos, Ver. Pestana.

Mais do que isso: nós queremos o compromisso do Prefeito de mandar um Projeto de Lei, que não o fez há quatro anos. Nós não queremos atropelos, nós queremos saber se ele vai mandar ou não. E ninguém diz isso aqui, Ver. Sebastião Melo. Ninguém assumiu compromisso nenhum, porque não têm compromisso com isso. Eles vão continuar enrolando a comunidade. Só alguém que quis precipitar esse tipo de votação, algum objetivo tinha; não sei se alcançou. Eu acho que não, porque participar de processo fraudulento faz com que a mácula no mandato desse Vereador seja profunda. E essa mácula vai transparecer para a sociedade daqui a 20 dias. Será que essa jogada de última hora, trazendo pessoas aqui, será que isso não tem um objetivo por trás? Estamos a 20 dias das eleições; fica no ar. Eu peço a todos os Srs. Vereadores, mesmo àqueles que são contra o Decreto, que permitam que este autor do Projeto do Decreto Legislativo que o retire de tramitação. Depois, nós vamos proceder a conversas, proceder a acordos e aí o recolocamos, novamente, em votação, em outro momento. É isso que eu peço aos Srs. Vereadores. Não vamo-nos deixar levar por coisas que não são tão boas assim, das quais não queremos participar. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, penso que o pronunciamento do Ver. Wilton Araújo, neste momento, equivaleria a uma demonstração de que nós estamos convencidos, sinceramente convencidos, de que, no dia de hoje, no quadro de hoje, o nosso propósito de fazer vigorar, em Porto Alegre, o Estado Democrático de Direito, com prevalência da lei, está comprometido. Acho que o gesto do Ver. Wilton Araújo é um gesto in extremis de quem busca, pelo menos, salvar a aparência nesta Casa. Eu me considero um derrotado, tranqüilamente, na retirada do Projeto de Decreto do Ver. Wilton; está plasmada a nossa derrota.

Esta matéria, nesta Legislatura, não volta mais a ser discutida; e o efeito que ela pretendia alcançar, que era o de sustar o Decreto administrativo por nós inquinado como ilegal, não vai acontecer. Então, eu acredito que é um final desagradável para quem tinha posição firmada, como tenho, e firmei essa posição no Parecer que ofereci à matéria - e que o Plenário todo conhece -, mas é uma saída, dentro do processo de tensão em que está colocada a causa, que se não é o melhor, pelo menos é o menos pior.

Na medida em que nós não vamos dar um desgaste para esta Casa de ter votado a sua própria diminuição de capacidade legislativa, ficaremos seguros de que lutamos até o fim para fazer valer a prerrogativa da Casa, para fazer valer o próprio Parlamento desta Cidade que, indiscutivelmente, no dia de hoje, sai diminuído. Sai diminuído à medida que situações pontuais, situações absolutamente identificáveis e de cotejamento de determinadas posições, nós estamos hoje, de uma forma ou de outra, mesmo acatando o pedido do Ver. Wilton Araújo de retirada de tramitação do seu Projeto, contribuindo para um desgaste maior ainda do nosso Legislativo.

Nós estamos abdicando, em última análise, de exigir do Prefeito que cumpra a lei, que lhe determinava que agisse de uma forma e que ele agiu de forma diferente. Vira-se todo o processo, quem estava em débito com a sociedade vai sair como herói. O Prefeito que não atendeu com o seu dever, que não cumpriu com o seu dever, que não encaminhou para a Casa nenhuma proposta, que lavou as mãos sobre isso e que decidiu no “canetaço” o caminho que ele julgou mais adequado, sai bem do processo. A Casa vai sair com essas marcas que eu estou a detectar neste momento. Pessoalmente, entendo-me derrotado, absolutamente derrotado. E, serenamente, aceito esta derrota. Mas não posso deixar de registrar que o futuro haverá de assinalar, com muita precisão, alguns gestos de grandeza e de intolerância que esta tarde registrou. E nos gestos de grandeza, Ver. Wilton Araújo, eu até o cumprimento, porque V. Exª com o seu recuo estratégico, abre uma possibilidade de, pelo menos, as aparências se salvarem. Muito obrigado, Srª Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Srª Presidente, eu gostaria de um esclarecimento da Mesa: o pedido do Ver. Wilton Araújo é de retirada de tramitação ou da Pauta?

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): De tramitação.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Retirada de tramitação do processo. Portanto, sairia fora desta Legislatura. Está bem.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, o Requerimento do Ver. Wilton Araújo solicita a retirada de tramitação do seu Projeto de Decreto Legislativo. Muito bem. No entanto, nós ainda temos de ter presente que, dependendo do resultado do Requerimento do Ver. Wilton Araújo de retirada de tramitação do Projeto, nós temos um incidente de natureza processual legislativa, a saber: se a discussão do Projeto estava ou não encerrada. Porque, se o Ver. Wilton Araújo estava em tempo de discussão, o pedido de inscrição do Ver. Haroldo de Souza, para discutir, era legítimo; não cabia a excepcionalidade de a discussão se circunscrever à fala do Ver. Wilton Araújo. Então, o que nós concluímos, pela declaração da Presidente da Casa, é que o Ver. Wilton Araújo falou em tempo de discussão. Ou seja, era legítimo o pedido de inscrição, para discutir, do nobre Vereador Haroldo de Souza. E repassaria – isso ele ainda não havia feito – o tempo a este Vereador para, em seu nome, discutir o Projeto.

Portanto, nem precisam vir as notas taquigráficas, porque a manifestação da Srª Presidente é de que houve uma excepcionalidade em relação ao Ver. Wilton Araújo para que ele usasse o tempo de discussão. Se ele estava discutindo a matéria, a inscrição do Ver. Haroldo de Souza era legítima.

No entanto, essa matéria só vai prosperar, Ver. Pestana - se a discussão estava ou não encerrada -, se esta Casa não aprovar a retirada da tramitação do Projeto de Decreto Legislativo, requerida pelo Ver. Wilton Araújo. Essa é a questão. E, nessa questão, vamo-nos definir. Porque a Casa, no Regimento Interno, não estabelece excepcionalidade para Vereadores. O Vereador tem o tempo de discussão e o tempo de encaminhamento após o encerramento da discussão. Se o Vereador Wilton Araújo estava falando em tempo de discussão, os três minutos para encerrar a sua intervenção de discussão foram legítimos, Vereador. Não havia como não acolher o seu pedido de inscrição para discutir a matéria. E V. Exª poderia usar do seu tempo, ou poderia cedê-lo a este Vereador que agora fala, para dispor do tempo para discutir a matéria do Decreto Legislativo de autoria do Ver. Wilton Araújo.

Eu fico feliz com a presença dos Vereadores Valdir Caetano e Almerindo Filho, da base petista, que vêm dar sustentação à proposta governista. Fico satisfeito com V. Exª como Parlamentar, Vereador, porque, como dizia Voltaire - e V. Exª pode reiterar o princípio desse filósofo: só não muda de idéia quem não as têm.

Eu me lembro de quando assinei um acordo aqui nesta Casa, na Sala da Liderança do PDT; lembro-me até hoje do que eu afirmei, e o tempo se encarregou de mostrar que eu estava com a razão. Não vou entrar nessa matéria.

Quero dizer o seguinte: Vereador, se a manifestação de V. Exª é a favor da retirada de tramitação do Decreto Legislativo, eu vou votar favoravelmente, se essa é a vontade de V. Exª, autor da iniciativa. Mas, se for rejeitada, nós vamos reabrir a discussão, nem que seja por medida judicial cautelar, que é o que se impõe no caso, pois não pode haver excepcionalidade de discussão para um Vereador apenas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Srª Presidenta, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos vivenciando, hoje, uma Sessão atípica. Eu vou ler o que diz o art. 173 do Regimento (Lê.): “Anunciada a votação, com a presença da maioria absoluta dos Vereadores, o Autor e os Líderes de Bancada, ou Vereador por eles indicado, poderão encaminhá-la pelo prazo de cinco minutos, sem aparte.

§ 5 - Iniciando o encaminhamento, não caberá:

a) retirada da proposição principal, de substitutivo e de emendas;

b) apresentação de emendas;

c) apresentação de requerimentos de destaque, adiamento e retirada de urgência”.

Este Vereador estava ocupando a tribuna, não começou a falar devido à questão da Ordem do Dia. Para mim é claro que havia iniciado o processo de encaminhamento. E volto a dizer o que diz o Regimento desta Casa (Lê.): “Não caberá a retirada da proposição principal, de substitutivo e de emendas”. Ato contínuo a isso - e eu respeito -, a Mesa tomou uma decisão de colocar em votação o Requerimento do Ver. Wilton Araújo. E o Ver. Wilton Araújo está solicitando então a retirada do seu Projeto. Isso, para mim, basta, porque, na realidade, todo esse confronto, essa disputa de hoje foi – e essa era a minha intenção – para derrubar a proposição do Ver. Wilton Araújo. Quando o Ver. Wilton Araújo retira, eu não vou mais discutir o mérito, vou acordar essa proposição.

Este Decreto Legislativo deixa de existir, ato contínuo: continua valendo o Decreto do Executivo e vamos, sim, discutir dentro da Comissão do Plano Diretor desta Casa sugestões novas, questões propositivas para colocar um ponto final, porque é isso que a sociedade quer e exige, porque nem um segmento está contente. Então, na realidade, nós temos que findar isso e encaminhar novos objetivos para uma resolução final do Plano Diretor. Muito obrigado, Srª Presidenta.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, nós somos daquela posição, Ver. Elói, de que esta matéria, como outras matérias do Plano Diretor, deveria sofrer uma discussão no âmbito da Comissão com a sociedade civil organizada e construirmos um caminho para esta matéria. Isso não foi possível porque entendeu o Ver. Wilton que deveria fazer um Decreto; dizia o Ver. Wilton que não havia espaço para negociação com o Governo. Foi feito o Decreto Legislativo. Já disse a V. Exª, já disse desta tribuna, acho que houve um atropelo na Comissão do Plano Diretor para aprovar esta matéria, como foi aprovada. Aliás, está aqui o resultante hoje: o atropelo que aconteceu lá, está acontecendo aqui hoje.

Agora, vamos ao fato concreto: o que a comunidade quer? Por que a comunidade clama? É que se mantenha o Decreto do Prefeito sobre esta matéria. Ponto. Ora, se o autor da matéria retira o seu Decreto que delonga o Decreto do Prefeito, desculpe-me, Ver. Beto, Ver. Gerson Almeida, Ver. Pestana, estão fazendo uma disputa política pequena em não concordar com a retirada, porque o efeito com a retirada é o efeito que nós sustentamos aqui da tribuna. Quando ele retira, Verª Helena, mantém-se o Decreto do Executivo.

Então, fazer uma disputa política aqui, agora, quando o objetivo era de que se mantivesse o Decreto, e ele retira o seu Decreto; ele é o autor da matéria. Então, eu vou fazer que nem o Ver. Garcia, com muita tranqüilidade. Por quê? Porque o objetivo pelo qual nós sustentamos, o que V. Exª sustenta é de que haja um compromisso, e nós estamos aqui dizendo - fazemos parte da Comissão do Plano Diretor - que vamos reabrir esse debate. Sou Relator-Temático do Plano. Nós temos de ter uma lei sobre essa matéria. Não abrimos mão dessa questão.

Eu acho que esse tem de ser o ganho desse debate, Ver. Elói. Não dá para autorizar a mudança do regime urbanístico por Decreto, porque “pela porteira pela qual passa um boi, passa uma boiada”.

O Governo tem de vir aqui com clareza e dizer: “Nós queremos discutir”. Senão, é disputa político-partidária ou, no mínimo, eleitoreira. E isso não serve para a sociedade.

Portanto, eu quero dizer que nós vamos votar pela retirada, porque atende aos objetivos pelos quais nós lutamos aqui, que é o processo de negociação.

Eu também queria dizer, para finalizar, o que eu disse sempre, lá atrás, Ver. Sebenelo, e quero mais uma vez deixar registrado, nesta tribuna, que ano eleitoral não é ano de revisar Plano Diretor. Isso está equivocado. Esta Casa tira uma lição disso, Vereadora-Presidenta. Eu sou Vereador de primeira legislatura, tive uma posição tranqüila no final do ano passado: ano eleitoral não é ano de revisar Plano Diretor, Ver. Haroldo, porque serve de palanque para um lado e para outro; serve de interesse para um lado e para o outro, e a sociedade não ganha com isso, Verª Maristela. Acho um profundo equívoco. Acho que revisão do Plano Diretor se faz no início de legislatura ou, no máximo, no segundo ano de uma legislatura, quando a questão eleitoral não está aflorando, porque aí, os discursos, que justificam a caminhada política, não são discursos, são práticas políticas. O discurso pode ser um, a prática pode ser outra e acho que isso tem prejudicado enormemente a revisão do Plano Diretor em função de ser um ano eleitoral.

Lamento, porque acho que há belas contribuições que a sociedade e que esta Casa poderão dar, mas o momento é inoportuno para revisar matérias como esta. Serve aos discursos vazios e, evidentemente, cada um sustentando a sua tese, achando que tem razão. Acho que cada um de nós aqui tem um pouco de razão; ninguém é dono de uma razão absoluta. Acho que todos podem contribuir, mas acho que o momento é equivocado para votar essa matéria, como também seria para votar outras matérias. Muito obrigado, Srª Presidenta.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, demais Vereadores e Vereadoras desta Casa, venho em nome da minha Bancada - a Bancada do Partido dos Trabalhadores - manifestar-me e colocar a nossa posição sobre essa questão da retirada do Projeto.

Ouvi atentamente as pessoas que me antecederam nesta tribuna e, na sua grande maioria, reclamaram da forma açodada, apressada, e às vezes até arbitrária, segundo alguns, como foi tocado esse Processo. Muito parecido com o sentimento daqueles que estiveram na Comissão do Plano Diretor, há questão de vinte dias, quando essa discussão foi feita. Os mesmos apelos que estão sendo feitos aqui, nós fizemos na discussão do Plano, ou seja, ali é que era o local do debate. Ali, que havia tranqüilidade para fazermos a discussão e detalhar os limites do Decreto do Executivo e qual era a real intenção do Decreto Legislativo. Ali que havia outros Projetos de uma relevância muito maior para Cidade do que este Decreto, que, inclusive, paralisou a Comissão do Plano Diretor por várias reuniões. Ali que montaram um Parecer, que é um Parecer incomum a esta Casa, ou seja, uma associação solicitou um Parecer a uma Comissão do Plano. Ali, não houve sequer um gesto de diálogo!

Recusaram-se a discutir com uma parte significativa da Comissão; todas as propostas que nós levantamos naquele debate foram recusadas. Não houve um gesto de diálogo, não houve um movimento que fosse capaz de barrar aquela verdadeira patrola que sofremos na Comissão do Plano Diretor. Pois os mesmos que nos patrolaram, os mesmos que não nos ouviram, os mesmos que não estiveram abertos ao diálogo, hoje vêm a esta tribuna.

Negar é a sua prática na Comissão e pedir que a gente venha, sim, estabelecer o diálogo, que a gente não faça a votação agora. Por quê? Porque seria apressado, porque seria equivocado. Mas durante a Comissão, quando a gente fez esse pedido, não aceitaram a nossa sugestão, não ouviram os nossos apelos.

Então, para nós, da Bancada do PT, que aqui representamos o Governo Municipal, fica muito difícil, neste momento, com o grau de polarização que alguns criaram, vir aqui e simplesmente concordar com a retirada desse Projeto. Primeiro, porque a retirada, ao contrário da sua derrota, possibilita a representação logo após o 03 de outubro. A sua derrota encerra a apresentação desse Projeto durante esta Legislatura. Então há diferença entre a derrota e a retirada.

Volto a dizer: nós não concordamos com esse Projeto; e felizmente a gente observa que a maioria desta Casa tem a convicção de que, espelhando a maioria da vontade da nossa sociedade, da nossa Cidade, também não aceita esse Decreto, que já foi derrotado aqui.

Agora, resta saber se essa é uma derrota que se sustenta até o fim desta Legislatura ou corre o risco de voltar a partir do dia 03 de outubro.

Por essa razão, nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, vamos votar pela manutenção da votação do Projeto, porque nós queremos derrotá-lo, para que ele não volte no dia 04 ou no dia 05. Não que a gente não queira discutir, não que a gente não esteja aberto ao diálogo, porém, o diálogo não vai dar-se dessa forma, como nós fomos patrolados na Comissão do Plano Diretor; nós temos que criar outros mecanismos de discussão.

Então, em nome de uma Bancada que sempre esteve aberta, mas que tem convicção, compromisso, e o que é melhor, tem lado nesta discussão, nós vamos votar pela manutenção da votação do Projeto, porque nós queremos derrotar o Decreto Legislativo de autoria do Ver. Wilton Araújo.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Srª Presidenta, eu não vou nem usar os cinco minutos, até porque o bom-senso deve pairar neste momento, porque o Ver. Wilton Araújo pede a retirada de tramitação deste Projeto. Aqui sempre alguém quer patrulhar. Hoje a situação quer patrulhar, como disse o Ver. Pestana, quem sabe, antes, de outra forma. Então, não há, no meu entender, um consenso, e, se não há consenso, esta Casa não deve tomar decisões, até porque nós temos uma eleição logo aí.

Esta Casa é um Legislativo, e todas as Bancadas têm todo o poder de dialogar permanentemente. Na hora certa esta Casa tomará uma decisão, porque, aqui, quando houve consenso em vários Projetos, fosse do Legislativo ou do Executivo - eu me lembro do caso da Previdência do Município -, os Vereadores se entenderam e até hoje estão lutando junto aos funcionários para que a Previdência se torne superavitária e tenha futuro.

Portanto, votar um Decreto do Prefeito, aplicá-lo, e para isso, agora, estamos buscando o bom-senso, já que houve discussão generalizada. Eu entendo que o Ver. Wilton teve o bom-senso de pedir a retirada do Projeto, para que nós Vereadores, que, de uma forma ou de outra, somos contrários nesse aspecto, possamos dialogar mais permanentemente, voltar a esta Casa com bom senso, com tranqüilidade, e, junto com a sociedade - por que não? -, fazer uma alternativa e dar uma alternativa boa à sociedade.

Eu vou votar pela retirada, Ver. Wilton, da tramitação do Projeto, e peço para os Vereadores que tenham bom senso. Que nós façamos isso, para depois debatermos com a maior tranqüilidade, como já fizemos até aqui. Obrigado, Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. RAUL CARRION: Exma Presidenta desta Casa, Verª Margarete Moraes, demais Vereadores e Vereadoras; comunidade que nos escuta, em primeiro lugar, uma coisa está clara: este Projeto está derrotado. Está derrotado nesta Casa e está derrotado na sociedade! Foi isso o que aconteceu. Muito bem! A questão é a seguinte: será derrotado pela retirada ou será derrotado pela votação? Será que é indiferente? Será que é um problema que a Bancada do Governo quer tripudiar? Não! Não! Antes, é bom dizer: a Bancada do Governo propôs a negociação na Comissão. Eu disse: não acredito que os empresários da construção civil estejam a favor de tábula rasa na Cidade.

Se existem inconformidades, o caminho é a negociação, e o Governo está disposto à negociação, esta Bancada está disposta à negociação.

Agora, vejam o detalhe do art. 106 do Regimento Interno que trata da retirada; eu retiro hoje o Projeto e, na segunda-feira, eu desarquivo sem nenhum problema. Entenderam? (Palmas.) Artigo 109, agora, esse aqui é importante (Lê.): “A matéria constante de projeto de lei rejeitado”, no voto, “somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria...”, só mediante 17 votos. Não pode entrar até 1º de janeiro nenhum projeto igual, sem os 17 votos já assinados.

Portanto, companheiros e companheiras - colegas, perdão -, a diferença é fundamental, Ver. Garcia, eu acho que na melhor das intenções defendeu, aqui, a grandeza da atitude do Ver. Wilton, porém, talvez, essa posição de grandeza do Ver. Wilton, que tentou adiar por cinco vezes, que tentou, por todas as formas ganhar tempo, possa ser, também, uma maneira de, não precisa nem ser em 3 de outubro, pode ser na semana que vem. O Projeto retirado hoje, volta para tramitação e para votação, enquanto que, se votado e derrotado, ele não volta até 1º de janeiro, e não será apreciado a não ser a partir de 15 de fevereiro, com toda a tramitação que, no mínimo, é de 30 dias, ou seja, até 15 de março não haverá possibilidade de votação; ao contrário, se for uma mera retirada pode, inclusive, vir para a Ordem do Dia na semana que vem.

Por isso, a Bancada do PCdoB encaminha e chama a atenção dos demais Vereadores a esse significado, no sentido de votarmos.

Concluo, dizendo que isso não significa fecharmos qualquer diálogo ou qualquer negociação. Por isso, Ver. Sebastião, eu creio que V. Exª compreenderá. Não é intransigência, é nós termos em conta o Regimento desta Casa e tratarmos dessa questão com o devido cuidado. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação da prorrogação da Sessão por mais duas horas.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, Srs. Vereadores, em votação a proposta da Presidência da Mesa, tendo em vista que o tempo regimental de funcionamento da Sessão já se esvaiu, e a prorrogação da Sessão, por mais duas horas, é o Requerimento, é a proposta que está sendo colocada em votação.

Sempre, aqui nesta Casa, eu tenho votado pela prorrogação da Sessão, até porque eu gosto muito de Sessão Plenária, eu gosto muito do debate parlamentar, até porque é no debate parlamentar, no nosso trabalho, até no tempo em que nós processamos o debate e a discussão, é que de repente surge uma luz na mente de um Parlamentar petista - isso já ocorreu várias vezes -, que procura construir uma nova alternativa, e isso é bom. Mas, neste momento, eu acho que não devemos prorrogar a Sessão por mais duas horas.

Nós devemos aguardar as notas taquigráficas, porque temos de saber se a discussão do Projeto estava ou não encerrada. Há informação oficial de que o Ver. Wilton Araújo, da tribuna, estava discutindo a matéria quando não foi aceita a inscrição do Ver. Haroldo de Souza para discutir a matéria.

Então, isso é uma ilegalidade do ponto de vista processual legislativo. Aliás, eu faço uma proposta à Casa, é uma proposta de um Vereador com alguns anos de mandato aqui, não dos mais antigos, mas, se é para resolver a questão em definitivo, Ver. Luiz Braz - e V. Exª é um dos mais antigos Vereadores desta Casa, em horas de mandato é o mais antigo, não, o mais antigo em horas de mandato é o Ver. Elói Guimarães, porque outros Vereadores podem ser mais antigos, mas têm licenciamentos para exercício em Secretarias e outras condições legais -, mas eu faço a proposição no sentido de que a Comissão de Justiça, nesse ínterim, reúna-se, porque ficar aqui até a meia-noite, 1h, 2h da manhã, eu já fiquei muitas vezes.

Eu era suplente de Vereador, já faz tanto tempo, em 1987, Secretário da gestão André Foster, eu presidi uma Sessão, lá no “velho Plenarinho”, com um lampião, às duas horas da madrugada, faltou luz. V. Exª se lembra, Ver. Wilton Araújo? E eu estava na presidência dos trabalhos, e já se vai tempo. Eu presidi essa Sessão com um lampião. É o que proporciona o tempo de serviço, o tempo de mandato Parlamentar.

Mas se nós tivéssemos uma solução e saber legalmente uma posição... Aliás, esta Casa já parou inúmeras vezes para aguardar uma deliberação da Comissão de Justiça da Casa. O Presidente desta Comissão está aqui presente, se eu tivesse a segurança de que o recurso por entendimento seria recebido, Ver. Sebastião Melo, com efeito suspensivo, eu seria o primeiro a fazer o recurso. Agora, sem efeito suspensivo, é como se diz lá no Bom Fim: “É chover no molhado”. No Bom Fim e em outros lugares.

Portanto, nessa linha de raciocínio, eu acho que não cabe a continuidade dos trabalhos, nós não devemos, neste momento, autorizar a prorrogação do mandato; falei prorrogação do mandato, ato falho, não é Ver. Nereu? O Ver. Renato Guimarães gostou, mas nós não podemos autorizar a prorrogação da Sessão com esse diminuto número de Vereadores aqui presentes, por mais duas horas.

 

(Manifestações das galerias.)

 

Eu gosto desse sonzinho que vem de longe, porque faz parte do processo democrático; é bom esse sonzinho, e nada como um dia depois do outro para ver a coerência das posições na história.

Portanto, eu vou votar contra a prorrogação, porque acho que as cabeças estão quentes, acho que o número de Vereadores é diminuto para decidir uma matéria dessa importância e ainda pode acontecer muita coisa aqui nesta Casa. Não vamos precipitar; vamos com calma que nós vamos encontrar soluções boas e satisfatórias para o Legislativo e para a cidade de Porto Alegre.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação da prorrogação da Sessão por mais duas horas.

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Verª Bonumá, com assento à Mesa, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores, eu, há algum tempo, acabei adjetivando as administrações petistas, aqui, nesta Cidade, de administrações ditatoriais. Eu vejo que esta ditadura, que foi imposta em nossa Cidade nos últimos tempos, tomou conta deste Plenário de uma forma extremamente perigosa. Ela chega a ser uma ditadura tão feroz que consegue trazer para este Plenário, e manter neste Plenário, alguns Vereadores que durante toda esta Legislatura dificilmente permaneceram aqui para votar questões importantíssimas.

Esses Vereadores vieram hoje aqui para votar, e permanecem aqui, até se não necessário. Eu estou dizendo isso, porque sou um Vereador que, durante todos os meus 22 anos, eu posso olhar para trás em toda a minha história, sempre, nesta Casa, estive cumprindo com as minhas funções. Eu vejo, hoje, que é tão importante a questão que nós vamos votar, que o PT conseguiu, Ver. Sebastião Melo, trazer para este Plenário, e fazer permanecer neste Plenário, o quórum de que ele necessitava com Vereadores - eu não vou nominar ninguém - que vieram pouco aqui.

Eu quero também citar que, infelizmente, estamos hoje aqui, vivenciando uma das Sessões mais melancólicas, mais tristonhas que esta Casa já efetuou. Nós estamos, Ver. Wilton Araújo, abrindo mão do poder, estamos apequenando o Legislativo. Nós estamos permitindo que, por causa da pressão de algumas pessoas que vieram aqui, legitimamente – eu quero sempre ter essas pessoas aqui, e outras pessoas também, de forma legítima, fazendo pressão sobre os Vereadores -, deixemos de ter poder, deixando de manter o poder que esta Casa tem para votar zoneamentos, para votar questões extremamente importantes e que dizem respeito à nossa representação, para deixar, Ver. Wilton, que o Executivo tome conta de todos esses assuntos.

De repente, não podemos mais reclamar que, numa penada só, o Sr. Chefe do Poder Executivo, atendendo mais uma meia dúzia de pessoas num outro canto da Cidade, possa fazer com que uma questão extremamente importante para nós, da sociedade, possa ser modificada ao seu bel-prazer, ou ao prazer de um grupo de militantes seus.

Infelizmente, vejo que vamos ter de prosseguir esta Sessão para podermos dar esse golpe fatal contra o nosso Legislativo; é um golpe de misericórdia ao nosso Legislativo.

Acho que existe ainda uma possibilidade, Ver. Wilton; eu vejo que há alguns Vereadores que defendem até a idéia de consolidarmos o Decreto de uma forma definitiva. Mas, esses Vereadores não estão dispostos a golpear o Legislativo de forma fatal. Existe a possibilidade de retirarmos o quórum e deixarmos essa questão para outro dia. Ainda existe essa possibilidade!

Eu acho que nós, Ver. Elói Guimarães, V. Exª que tanto admiro, meu companheiro de muitas caminhadas, poderíamos, a essa altura dos acontecimentos, em nome da defesa da democracia, em nome desta Casa, retirarmos o quórum neste exato instante e jogarmos essa discussão para outro dia, a fim de que outros setores da sociedade, também envolvidos, que são contrários a essa idéia e que não estão presentes, porque não foram convidados para estar aqui, possam estar presentes num outro dia, até para não deixar que as pessoas gritem dessa forma e, talvez, possam ser assistidas por algum psiquiatra para que voltem e se comportem, neste Plenário, de uma forma melhor.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a votação da prorrogação da Sessão por mais duas horas.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, vou fazer apenas uma colocação. Vossa Excelência colocou em votação a prorrogação da Sessão, já que o tempo normal da Sessão se encerrara. Se o tempo se encerrou, como é que estamos encaminhando, ainda que o Regimento diga algo semelhante? Não estou dizendo que a Diretoria Legislativa encaminhou mal, mas se a Sessão, no seu tempo, se encerrou, fica difícil de encaminhar sem que haja uma Sessão Especial. Não sei o que aconteceu! Deveria, talvez, Vossa Excelência ter convocado uma Sessão Especial para encaminhar. Porque, normalmente, quando se pede a prorrogação, é sim ou não e pronto. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. João Antonio Dib, isso faz parte do processo da prorrogação. Não havendo quem queira encaminhar, coloco em votação o Requerimento que solicita a prorrogação da Sessão por duas horas. Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Luiz Braz, o Requerimento que solicita a prorrogação da Sessão por duas horas. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 17 votos SIM e 01 ABSTENÇÃO.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, na página 7, do Expediente de hoje, há um Projeto de Lei Complementar do Executivo de nº 002, de 2003. Nós já discutimos esse Projeto e não chegamos ao momento da votação. Isso foi discutido em fevereiro. Só estou lembrando disso porque a minha experiência diz que a radicalização não vai somar coisa alguma.

O Ver. Wilton diz que não vai apresentar novo Projeto de Decreto. E eu não tenho porque duvidar da palavra do Vereador. Se alguém pensa que, rejeitado o Decreto, não pode ser apresentado o Projeto de forma diferente também se equivoca.

Portanto, eu acho que como nós temos que discutir a Lei do Plano Diretor, as alterações que precisam ser feitas no Plano Diretor, a radicalização não está somando nada neste momento. Se ele está pedindo para retirar o Projeto, que seja retirado. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação do PDL nº 005/04.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, é uma pena, Ver. Wilton Araújo, que V. Exª, pelas circunstâncias, tenha sido obrigado a entrar com esse seu Requerimento para retirar de tramitação esse Projeto de Decreto Legislativo, que eu acredito que iria até corrigir uma falha no relacionamento desta Casa com o Executivo. E uma falha, talvez, Ver. Elói Guimarães, do relacionamento que esta Casa deve ter com toda a sociedade. Eu já disse que eu respeito toda a sociedade que vem aqui e todas as pessoas que vêm até aqui, porque têm o direito legítimo de vir. A única coisa que as pessoas não têm direito é de desrespeitar esta Casa. Isso ninguém tem. Nem eu posso; e ninguém pode desrespeitar esta Casa. E, no momento, quando alguém começa, aos gritos, se dirigir contra alguém na tribuna, nós estamos realmente partindo para um certo desrespeito, o que esta Casa não deve consentir.

Por isso, eu peço desculpas por todos os exageros que já cometi. Mas, realmente, eu sempre defendi aqui que esta Casa, que este Poder pudesse se manter forte e pudesse se manter independente a fim de que nós pudéssemos, aqui, continuar tomando as decisões que nós acreditamos ser as decisões mais importantes para que a sociedade possa viver de uma forma melhor.

Eu não sou contra o conteúdo do Decreto, mas sim a forma. Eu já disse que se, porventura, fosse possível uma negociação para que o Sr. Prefeito Municipal enviasse a esta Casa um Projeto a fim de que ele pudesse ser discutido, eu acredito, Ver. Wilton, que não haveria grandes transformações. Nós poderíamos, realmente, dialogar não apenas com essa corrente social que aqui está, mas com outras também; a fim de que a Cidade pudesse ganhar como um todo. Da forma como as coisas estão acontecendo, eu penso que estamos atropelando tudo, Ver. Sebastião. Nós estamos impedindo que setores da sociedade possam discutir e participar desses debates. Nós não poderíamos agir dessa forma. Nós não estamos, hoje, agindo como verdadeiros representantes do conjunto da sociedade. Nós estamos aqui, hoje, me parece, representando apenas uma parcela da sociedade. É muito ruim quando esta Casa age assim. Eu acho que ela está, na verdade, se apequenando, que ela está perdendo o poder. Essa é uma das coisas que nós não podemos consentir, enquanto formos Vereadores – não sei por quanto tempo mais vou ser Vereador, mas no tempo em que eu estiver aqui, vou estar lutando para que esta Casa possa se manter como um verdadeiro poder da democracia aqui em nosso Município. Então, por esses motivos, eu vou votar favoravelmente ao Requerimento do Ver. Wilton Araújo para que ele o retire; mas o faço com tristeza, porque acho que, realmente, esta Casa está perdendo uma grande oportunidade de fazermos novamente um embate saudável com o Poder Executivo, dizendo-lhes que eles não podem atropelar este Legislativo dessa forma. Mas, caso contrário, eu acho que nós vamos dar é um sinal para o Executivo de que esta Casa, realmente, está de cabeça baixa, está toda no chão e eles podem vir com a patrola, porque aqui existem pessoas que estão aceitando essa patrolagem, na hora que ela quiser acontecer. Infelizmente, é isso que está acontecendo hoje. Eu, realmente, sinto, porque, afinal de contas, é uma punhalada contra a democracia. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando a retirada de tramitação o PDL nº 005/04.

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Srª Presidente, ouvi atentamente os encaminhamento de todos os Srs. Vereadores e decidi, depois do pronunciamento do Ver. Raul Carrion, que foi desrespeitoso com este Vereador, retirar o Requerimento de retirada de tramitação. Deixe que se prossiga assim, porque foi insinuado de que eu estaria fazendo isso por ter outras intenções por trás. Não é isso. Então, eu quero retirar; votamos, está bem assim. Eu acho que este Vereador não merecia essa insinuação do Ver. Raul Carrion. Assim, então, gostaríamos de retirar e vamos à votação direto, dado que é isso o que todo mundo quer e eu também desejo. Enfim, vamos concluir esse processo, porque, dessa forma, sem respeito, não é possível.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA (Questão de Ordem): Srª Presidenta, respeito a posição do Ver. Wilton Araújo, inclusive vou votar com ele. Só que não pode, também, retirar neste momento da votação.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Wilton Araújo, o seu Requerimento está indeferido, pois já havíamos procedido todos os encaminhamentos.

Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Wilton Araújo, o Requerimento de sua autoria que solicita a retirada de tramitação do PDL nº 005/04. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO por 09 votos SIM e 16 votos NÃO.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do PDL nº 005/04. (Pausa.) Desiste.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Srª Presidente, antes da apresentação do Requerimento do Ver. Wilton Araújo de retirada de tramitação do PDL nº 005/04, Vossa Excelência aguardava a chegada das notas taquigráficas para saber se a Sessão havia sido encerrada ou não. Eu acredito que já passou tempo suficiente para que V. Exª possa formular essa informação.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Isaac Ainhorn, essa discussão já encerrou. Vossa Excelência pode recorrer à CCJ ou à Justiça. Nós já estamos em tempo de encaminhamento do PDL nº 005/04.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Não, Vereadora.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Vereador. Eu consulto se algum Vereador deseja encaminhar a votação do PDL nº 005/04. (Pausa.) O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação do PDL nº 005/04.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, Srs. Vereadores, esta não foi uma das Sessões Legislativas desta Casa que poderíamos considerar das que orgulham a história do Legislativo desta Cidade, que recentemente comemorou 231 anos. Nós assistimos, nesta tarde, a um verdadeiro atropelamento do processo legislativo. Ocorreram fatos dentro do processo legislativo em que não foi respeitado o Regimento. Nesta tarde, com uma maioria relativíssima de 17 Vereadores, mantendo o quórum da Sessão, encerrou-se uma discussão de forma arbitrária, em afronta às regras mais comezinhas estabelecidas no Regimento e na Lei Orgânica desta Casa.

Nós assistimos o Ver. Wilton Araújo discutir a matéria, reabrir-se o tempo para que o Ver. Wilton Araújo pudesse discutir o Projeto de Decreto Legislativo de sua autoria. No momento em que o Ver. Wilton Araújo discutia a matéria, o Ver. Haroldo de Souza compareceu à Mesa da Presidência e pediu a sua inscrição para discutir a matéria, o que lhe foi negado. Isso tudo se encontra nas notas taquigráficas que a Presidente solicitou e que, infelizmente, não entendemos por que, não foram lidas; e elas deveriam ser lidas, porque, às vezes, faz parte da natureza humana errar – faz parte.

Agora, há circunstâncias em que em determinados momentos não faz mal a ninguém, a nenhum ser humano ter atitudes de grandiosidade ou de grandeza e reconhecer o seu próprio, não digo erro, equívoco no encaminhamento do processo legislativo.

Ora, Vereador, se V. Exª desejava-se inscrever para discutir a matéria, Ver. Haroldo - e está aqui o Ver. Elói Guimarães anos e anos como Presidente da Comissão de Justiça que sabe que não se pode abrir uma exceção apenas para um Vereador -, a discussão não poderia simplesmente ser dada por encerrada.

Se o Ver. Wilton Araújo estava discutindo a matéria, o Ver. Haroldo comparece à Mesa para se inscrever, não há como negar-lhe a prerrogativa, o direito de ele se inscrever. Eu lamento que poucos Vereadores da oposição tenham assinalado isso, até porque os da oposição que estavam aqui tentaram obstruir o quórum para não votar a matéria hoje, porque, no meu entendimento, não havia amadurecimento suficiente para votar, numa Sessão tumultuada como esta, cheia de incidentes processuais, esta matéria.

Eu acho, Vereador, já que V. Exª não conseguiu, num gesto de grandeza, e ainda foi provocado pelo Vereador do PCdoB, um Vereador Comunista da Casa, Raul Carrion, que, a meu juízo, muitas vezes não tem-se aplicado nas relações de cordialidade, de entendimento com seus colegas. Eu lamento isso, pois não basta um Vereador, friamente, em todo o início da Sessão Legislativa, às 14h, às 14h30min, chegar e cumprimentar um Vereador, todos os dias, dar-lhe a mão; não é isso que faz as boas relações de um Parlamentar. As boas relações, mesmo na divergência e na contrariedade das idéias, são feitas através do respeito às posições de cada um dos colegas da Casa. Nós entendemos que este é um debate parlamentar. Eu, tão logo termine esta votação, cujo resultado sabemos que já está definido, vou requer as notas taquigráficas e as certidões de todos os documentos e vou – poucas vezes eu fiz isso na história desta Casa, mas eu não vou deixar esse assunto assim. Eu vou ao Poder Judiciário pedir a nulidade da Sessão de hoje.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para encaminhar a votação do PDL nº 005/04.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exma Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores e aqueles que até às 20 horas desta noite nos acompanham nas galerias, e nós brindamos as suas presenças sempre aqui neste plenário. Estamos encaminhando, finalmente, o Projeto de Decreto Legislativo, de minha autoria, que busca sustar os efeitos de um Decreto do Sr. Prefeito. E, diga-se de passagem, a única arma regimental e orgânica que a Câmara tem é o Projeto de Decreto Legislativo para conseguir sustar, conseguir eliminar esse viés autoritário que vem do Paço Municipal.

Vejam bem, se não é de se analisar, neste encaminhamento derradeiro, o porquê de nós estarmos aqui toda a tarde. Nós e o Prefeito, desde 1999, quando a Câmara aprova a Lei Complementar do Plano Diretor e estabelece que o Prefeito tem 180 dias, e esses 180 dias são para quê? Para que ele mande um Projeto de Lei para a Câmara Municipal e, por meio dele, ouvida a comunidade por meio dos seus mecanismos - certamente do Orçamento Participativo e de outros mecanismos de participação popular, que já devem estar acionados pelo Sr. Prefeito, imagino -, e depois indo ao Conselho do Plano Diretor e se estabelecendo então um Projeto de Lei assinado pelo Sr. Prefeito; e vem para a Casa.

A Casa, por suas Comissões, vai examinar todos os seus meandros, trazer as pessoas que estão na sociedade e discutir com elas o que deve ser feito de melhor para essa sociedade. Esse é o processo natural. Esse é o bom processo democrático. Esse é o processo no qual é respeitado o direito, tanto das minorias, quanto das maiorias, e só esse processo é por nós aceito. Ao invés disso, o Prefeito resolve, em determinado momento, talvez até para embasar o Projeto de Lei - não se sabe, a Casa não sabe -, mandar fazer um estudo; contrata um estudo e este deve servir para fazer o Projeto de Lei - imagino eu. Mas, não faz o Projeto de Lei. Ele pega o estudo, manda para os tecnocratas para que eles usem como base de análise dos Projetos, estudo este que não é nada mais nada menos, do que simplesmente a opinião de um grupo de técnicos, sequer questionada por outros técnicos. Então, se começa a fazer as análises dos projetos por esse estudo. Errado! Se tivesse mandado o Projeto, já teria a lei; com certeza já teria a lei. Mas, não. Não mandou; ele não quer a lei.

Ele quer ver o seu desejo pessoal, talvez partidário, ou do seu segmento, ou da influência que ele recebeu - não sei dizer -, ele quer ver, sim, a sua, e só a sua vontade feita realidade no Município de Porto Alegre. Aí está o erro de todo esse processo. Não fora isso - esse erro histórico, autoritário, burocrático e tecnocrático - nós não teríamos apresentado um Projeto de Decreto Legislativo, que é o único instrumento que esta casa tem para cassar, quando são tirados os seus direitos. E aí nós apresentamos esse Decreto.

Tenho certeza que essa maioria transitória poderá se reverter daqui a pouco e aí teremos, sim, a vontade da maioria da cidade de Porto Alegre e, se assim o desejar a maioria desta Casa, nós vamos reapresentar um novo Projeto de Decreto Legislativo, sim! Vamos, sim!

O Ver. Raul Carrion, na sua derradeira participação, faz uma provocação – e eu gostaria de dizer que mais lamentável seria impossível entre os homens de bem desta Casa. Nós entendemos, Ver. Raul Carrion, que essa provocação...

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Para concluir, Vereador.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Essa provocação foi, para a democracia e para o relacionamento democrático entre os nossos Partidos, um desastre.

Então, queria deixar bem claro:...

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Para concluir, Vereador.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Concluo Srª Presidenta. Vou deixar bem claro: vamos perder hoje. Mas, se ocasionalmente nós tivermos a maioria nesta Casa, vamos reapresentar o Projeto de Decreto Legislativo, porque esta Casa não pode ficar assim, atropelada pelo autoritarismo do Sr. Prefeito. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. RAUL CARRION: Srª Presidente, eu queria esclarecer que, em nenhum momento, eu quis fazer alguma crítica que deslustrasse o nosso prezado colega Wilton Araújo. Simplesmente manifestei a diferença regimental entre retirada de um Projeto e derrota de um Projeto. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Wilton Araújo, o PDL nº 005/04. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO por 08 votos SIM e 16 votos NÃO.

Peço atenção para a leitura da Declaração de Voto do Ver. João Antonio Dib (Lê.):

“Votei favoravelmente ao Projeto de Decreto Legislativo do Ver. Wilton Araújo, que anularia o Decreto nº 14.530, de 14 de abril de 2004, por entender que o Sr. Prefeito exorbitou de sua autoridade ao publicá-lo.

As medidas contidas no Decreto nº 14.530, no entendimento deste Vereador, somente valem no artigo 1º. O restante, obrigatoriamente, deve ser objeto de Lei Complementar na forma que determina a Lei do Plano Diretor.

O Prefeito deseja se proteger tentando criar confusão em relação a processos que já estão na Justiça, em razão da ilegal aplicação de estudo da Ritter dos Reis.

O Decreto nº 14.530 deve ser derrogado. Saúde e PAZ!

Ver. João A. Dib”

Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

(Encerra-se a Sessão às 20h06min.)

 

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